Construções em wood frame já são consolidadas há décadas em países considerados referência em construções sustentáveis com uso da madeira como os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Finlândia, Suécia.
E, agora, esse tipo de construção está começando a se consolidar no Brasil também, especialmente depois da aprovação da nova norma da ABNT que regulariza o wood frame no país.
Light Wood Frame: o que é?
Mas, antes de falar dessa nova norma é preciso entender melhor como funcionam construções em wood frame.
“Dois aspectos devem ser levados em consideração quando falamos sobre as construções em wood frame: o fato de o sistema construtivo ser industrializado e a sustentabilidade intrínseca a ele”, explica Paulo Pupo, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
“O primeiro aspecto traz vantagens valorizadas pelo segmento da construção civil como a redução do tempo de execução das obras, a redução de resíduos e a economia de energia. Já o segundo, vem repleto de argumentos positivos relacionados aos aspectos ambientais porque a matéria-prima utilizada no sistema construtivo é proveniente prioritariamente de florestas plantadas”, complementa o superintendente, acrescentando que esta madeira estoca o carbono absorvido durante o ciclo de crescimento das árvores.
Ainda segundo Pupo, o wood frame é um processo construtivo que tem sinergia com os princípios do ESG, baseados nos aspectos ambientais, sociais e de governança.
Este sistema combina eficiência construtiva, versatilidade, sustentabilidade e benefícios energéticos, aspectos cada vez mais valorizados na indústria da construção.
“Além de tudo isso, o wood frame também é uma solução real para o déficit habitacional brasileiro, pois sendo um sistema de construção seca, tem capacidade de gerar escala de produção e entrega de obras, com custos competitivos”, enfatiza Pupo.
Nova Norma ABNT NBR 16936
Considerando todos esses pontos é fácil entender a importância de consolidar e regulamentar o sistema wood frame no Brasil e esse processo está sendo realizado há mais de uma década, através de um intenso trabalho feito pela Comissão de Estudo de Sistemas Construtivos Light Wood Frame da ABNT com a participação direta da Abimci.
“A publicação da norma técnica ABNT NBR 16936 – Edificações em light wood frame tem em sua história um amplo trabalho técnico que envolveu diversos agentes, entre eles associações, universidades, pesquisadores e empresas do setor industrial madeireiro, fornecedores do sistema e construtoras”, relembra Pupo.
“Há quase 15 anos o primeiro passo foi dado com a criação da Comissão Casa Inteligente, uma iniciativa da Fiep que reuniu, no primeiro momento, empresários dos setores madeireiros e representantes da construção civil do Paraná”, continua o superintendente.
“Com o passar dos anos, o grupo cresceu, reunindo interessados que começaram a buscar soluções e elencar os maiores desafios para a consolidação do sistema, entre eles, técnicos, políticos e culturais.”
A compreensão sobre a necessidade de padronização e ganho de escala nos negócios envolvendo o sistema wood frame fez com que a Abimci se envolvesse nessas tratativas, atuando tecnicamente e organizando junto à ABNT os trâmites para a criação da Comissão de Estudos para o desenvolvimento da norma.
“Posteriormente, em 2016, foi instalada a Comissão de Estudo de Sistemas Construtivos Light Wood Frame da ABNT. Desde então, a Abimci tem atuado na secretaria dos trabalhos e organização das atividades da Comissão de Estudos, sempre com a fundamental contribuição de inúmeros profissionais, entidades, grupos de trabalho e órgãos do governo, dedicados ao avanço do sistema construtivo no Brasil”, esclarece Pupo.
Para o desenvolvimento da norma brasileira para o sistema wood frame, normas internacionais, assim como exemplos práticos de países onde o sistema já é consolidado, foram utilizados para embasamentos técnicos. “O intenso trabalho realizado pela Comissão de Estudos da ABNT teve como objetivo a estruturação do texto da norma focado em aspectos técnicos de projeto, execução e desempenho para edificações em até dois pavimentos”, comenta o superintendente.
“Com a publicação oficial da norma, demos um importante passo para a consolidação do uso do sistema construtivo industrializado e sustentável no Brasil. Ela é uma conquista muito importante para o setor industrial madeireiro e todos os elos envolvidos na cadeia produtiva da construção brasileira.”
O especialista acrescenta: “Agora outros desafios precisam ser vencidos para que o sistema construtivo em wood frame ganhe escala, um intenso trabalho precisa ser realizado, como o desenvolvimento de ações coordenadas para estimular políticas públicas no Brasil, a inclusão do sistema construtivo nas linhas de financiamentos oficiais e uma ação coordenada de comunicação, apresentando os seus diferenciais e benefícios”.
Pupo também explica que com essa regulamentação o mercado passa a ter uma orientação técnica a respeito dos aspectos de projeto, execução e desempenho para edificações em até dois pavimentos.
“O atendimento aos requisitos que estão estabelecidos na norma garantem a qualidade e a segurança das edificações com o sistema construtivo”, finaliza o superintendente.
