Pensar em móveis no Brasil é, de alguma maneira, pensar no Rio Grande do Sul. O estado fabrica produtos de reconhecida qualidade e tem algumas das mais destacadas empresas. Por lá, os números do setor impressionam: são 2.750 empresas, equivalentes a 13,3% de todo o País. Elas, por sua vez, representam 18,4% do total dos móveis fabricados e 31,1% das exportações. Apenas em 2015, as indústrias de móveis gaúchas produziram cerca de 85,3 milhões de peças, faturaram R$ 6,73 bilhões, exportaram U$ 183 milhões e geraram mais de 35 mil postos de emprego. Mas, se do ponto de vista teórico o estado ocupa uma posição central, sua posição geográfica traz sérias dificuldades na cadeia nacional de transporte e logística, empobrecida por anos a fio pelo mau investimento público.

“O Brasil é um país com dimensões continentais e, infelizmente, com locais/polos moveleiros, na maioria das vezes, sem condições razoáveis de acesso”, lamenta Volnei Benini, presidente da MOVERGS (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul), que enumera uma série de entraves estruturais, como falta de portos e estradas de qualidade. “Os problemas de infraestrutura mencionados dependem na sua grande parte do poder público, ou seja, da prioridade que os governos dão aos investimentos nas questões de deslocamentos/acesso.”

É fundamental que cada indústria identifique as oportunidades de racionalização de processo e capacitação de suas equipes.

Em meio a tantas dificuldades logísticas, com produtos que necessitam por vezes atravessar o País, as indústrias do setor têm optado por um caminho menos trabalhoso: a terceirização. “A maior parte das indústrias de móveis no Brasil terceiriza os serviços de logística, principalmente pelo fato de ser mais viável do que manter um planejamento de organização/gestão própria”, avalia. Os padrões de gestão atual indicam a utilização do estoque mínimo, que faz com que aumente a demanda por empresas especializadas nessa área.

O presidente da Associação, contudo, faz uma importante ponderação: a logística não trata apenas do transporte. Ela tem, ainda, a função de otimizar os fluxos de materiais, de dados e de pessoas, desde a matéria-prima até o consumidor final. Assim, um importante aliado para estados menos centralizados geograficamente, como o Rio Grande do Sul, veio com o e-commerce. “Ele vem trazendo uma grande transformação na área de atuação geográfica das empresas”, comenta Benini.

Esse surgimento de um canal centralizador poderia pressionar ainda mais os recorrentes problemas de infraestrutura. Mas é aí que entra um ponto-chave: a racionalização dos processos e a gestão das equipes. Segundo explica o executivo, cada indústria tem desafios específicos. É preciso, pois, de maneira própria, olhar para dentro e compreender a dinâmica interna da logística.

“Para que as empresas consigam disponibilizar seus produtos no local determinado, no momento e prazo pactuado, com o menor preço possível, a logística precisa ajustar questões internas como o processamento dos pedidos, estoques, transportes, armazenagem, embalagem, programação de produto, entre outros”, resume. “Logo, é fundamental que cada indústria identifique as oportunidades de racionalização de processo e capacitação de suas equipes.”

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