O aumento da consciência ambiental, especialmente depois da pandemia do Covid-19, fez com que o tema sustentabilidade chegasse para ficar.

Considerada uma tendência global, a preocupação com o meio ambiente se tornou um dos principais fatores decisivos de compra por parte dos brasileiros. 

De acordo com a pesquisa Retratos da Sociedade: hábitos sustentáveis e consumo consciente, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 74% dos ouvidos adotam hábitos sustentáveis, sendo que 30% dizem que sempre adotam esse hábito. Além disso, só no último ano a busca por produtos sustentáveis cresceu 32% no Brasil, segundo uma pesquisa do Mercado Livre.

Nesse cenário, não é difícil constatar que para se destacar no mercado tornou-se imprescindível utilizar práticas mais sustentáveis e saber propor aos clientes opções alternativas dentro dos projetos de arquitetura.

Nesse ponto, também é importante destacar que, segundo um estudo realizado pela IBM em parceria com a NRF, 70% dos consumidores estão dispostos a pagar um valor até 35% maior por opções sustentáveis. Ou seja, adotando essas práticas você agrega valor aos seus projetos enquanto ajuda a preservar o meio ambiente.

Sustentabilidade & decoração

Para entender como um projeto pode se tornar mais sustentável, primeiro é preciso esclarecer o que é sustentabilidade na decoração.

E, segundo a arquiteta Eduarda Dias, sócia do escritório Lene Arquitetos, essa definição consiste em trabalhar a consciência de que os elementos que compõem os ambientes não são descartáveis. “É preciso entender que é possível renovar os espaços sem necessariamente se desfazer do que você já tem e ainda está em ótimo estado”, explica. 

 Ainda segundo ela, além de realizar o reaproveitamento de elementos já existentes, outra possibilidade de prática sustentável na decoração é buscar por itens de “segunda mão” que podem agregar muito valor ao ambiente e optar por peças confeccionadas com materiais ecológicos e naturais.

“Uma forma de tornar sua decoração mais sustentável é garimpar móveis em brechós. Para isso, uma dica de ouro é: vá com um determinado foco porém com a cabeça aberta para o que vai encontrar”, aconselha a arquiteta.

“Ou seja, se você está querendo uma poltrona para colocar na sua sala, já entre no brechó de móveis com o foco de procurar poltronas. Provavelmente você não vai encontrar exatamente aquela que você viu no Instagram na casa de fulano, mas aí é que entra a história de abrir a mente”, continua Eduarda.

“Entenda o que você gostou na poltrona que viu no Instagram: ela era de madeira? Ou era metálica? Tinha o assento e encosto de tecido? E procure no brechó poltronas que tenham as características que mais te chamaram a atenção naquela que gostou.”

Outro conselho da arquiteta é que ao garimpar móveis não é preciso buscar apenas pelos que estão em um ótimo estado. “Na realidade é até uma vantagem encontrar móveis mais desgastados, isso porque você consegue pagar bem mais barato”, destaca, acrescentando que a reforma desses itens pode ser bem mais fácil do que os consumidores imaginam.

E, apesar do garimpo ser uma ótima prática, a arquiteta alerta: o que não vale é entrar no brechó sem foco, se empolgar com os preços baixos (na maioria das vezes) e levar para casa um monte de móveis e objetos que não terão utilidade. “Fazendo isso, você estará fazendo o contrário do sustentável”, enfatiza Eduarda. 

Restauração de móveis 

Para falar de garimpo em brechós também é preciso explicar como funciona a restauração de móveis e objetos de decoração.

E, nesse ponto, a arquiteta comenta que uma das principais vantagens dessa prática é evitar o descarte de itens que ainda estão em ótimo estado, aumentando assim o consumo consciente.

“É uma forma de reduzir entulho e acabar com a ideia de que tudo é descartável e quando sai da nossa casa o problema do lixo já estará resolvido”, esclarece Eduarda. 

Segundo ela, uma das maneiras mais fáceis de restaurar um móvel antigo é pintando e mudando a cor dele. “Você também pode trocar o tecido de uma poltrona, um sofá ou cadeira”, orienta a arquiteta.

“Outra dica é dar novos usos para um móvel. Por exemplo: uma cadeira ou banquinho de madeira pode virar uma mesinha de cabeceira muito charmosa”, continua Eduarda.

“Além disso, há muitos tutoriais no youtube ensinando técnicas fáceis de fazer pequenos reparos e ajustes em móveis antigos.”

Reaproveitamento de materiais 

Já quando o assunto é reaproveitamento de materiais, a arquiteta Nathália Lena, também sócia do Lene Arquitetos explica que o primeiro passo é fazer uma análise do que pode ser reaproveitado dentro de um projeto.

“É preciso avaliar móveis, bancadas, pisos e revestimentos que não precisam ser trocados e, a partir dessa análise, você pode criar um conceito com esses elementos já existentes combinados com elementos novos que façam uma composição harmoniosa”, enfatiza Nathália.

“Dessa maneira, mudando alguns detalhes, como um novo tecido para uma cadeira já existente, e adicionando novos elementos conseguimos dar uma cara nova e mais atual para os ambientes”, continua a arquiteta, destacando que essa também é uma forma de economizar na execução do projeto, visto que apenas o necessário precisará ser comprado.

Plantas na decoração 

Por fim, a última dica das arquitetas de como entregar um projeto mais sustentável é a adição de plantas na decoração. E, segundo elas, há diversas de possibilidades de como fazer isso.

“Você pode optar por ter plantas para interiores dentro de vasos, criando uma composição urban jungle, comenta Nathália, explicando que esse conceito consiste em promover a conexão das pessoas com a natureza, incluindo elementos verdes na decoração da casa. 

Ainda segundo ela, compor os ambientes com paredes ou painéis verdes ajuda a melhorar o bem-estar e a saúde das pessoas que convivem com esses espaços.

“Uma boa dica é acrescentar um terrário no projeto, isso porque eles agregaram muito aos ambientes enquanto não requerem muita manutenção”, finaliza a arquiteta.