O mercado brasileiro de painéis de madeira observou grandes transformações desde a última década. Nenhum outro segmento do setor florestal brasileiro experimentou uma expansão como a da indústria de painéis de madeira. Essa transformação do mercado provocou uma mudança no perfil de produção de painéis de madeira: a chapa dura e o compensado perderam espaço para o aglomerado, MDF e OSB.

Depois, com o objetivo de agregar valor aos produtos de modo a torná-los diferenciados no mercado, passou-se a buscar o revestimento de painéis. No caso do aglomerado, hoje conhecido como MDP, 56% da produção comercializada possui algum tipo de revestimento, enquanto o MDF tem menos de 20% da produção revestida pelos fabricantes. Delci Bortolotto, gerente nacional de vendas e marketing da Sudati, explica o que levou a essa mudança de perfil e fez crescer o revestimento de painéis no mercado. “Antigamente, se usava muita madeira natural, mas hoje em dia o cuidado com o meio ambiente é maior. Usamos madeira de florestas renováveis e isso fez crescer o mercado de revestimento de madeira”, explica.

Nesse sentido, o revestimento com painéis de madeira é uma grande tendência na arquitetura e no design de interiores em todo o mundo, principalmente porque o material tem um toque acolhedor, ajuda na composição de cores e combina com qualquer ambiente.

Saiba mais sobre os tipos de revestimento de painéis

Em relação aos tipos de revestimento de painéis, os mais conhecidos são o revestimento de Baixa Pressão (BP), chamado também de melamínico, Alta Pressão (AP) e lâminas de madeira. De todos eles, o BP possui mais de 50% do mercado. Bortolotto explica o que faz com que um tipo seja mais utilizado do que o outro. 

“Usando a baixa pressão, se eu pegar um prego, por exemplo, e tentar perfurar um painel, com esse tipo de revestimento seriam necessárias apenas algumas tentativas até que a madeira seja completamente perfurada, já usando a alta pressão e fazendo o mesmo processo, preciso dar muito mais voltas para chegar à madeira”, explica e complementa dizendo que “é uma superfície mais grossa, mais resistente, muitas vezes utilizada em hospitais, restaurantes, etc. O painel de Alta Pressão em geral tem um custo mais alto”, esclarece a especialista.

Aqui, a lâmina de madeira é um tipo em que o revestimento é retirado da própria tora em formato de lâmina a qual é colada em cima do próprio substrato seja ele de MDF ou seja de MDP.

Assim como ocorre no Brasil e que foi confirmado por especialistas ouvidos nesse material, o Baixa Pressão é o principal tipo de revestimento empregado também em âmbito internacional, o que mostra o interesse do mercado internacional por produtos de melhor qualidade, os quais apresentam maior valor agregado por meio do design.

Já a gerente de marketing da Formica, a arquiteta Eunice Monteiro, á ênfase ao trabalho desenvolvido pelo laminado melamínico de alta pressão. “Esse tipo de revestimento de painéis traz em sua superfície a tecnologia de impressão digital, podendo dar a liberdade de criação, desde a marca do cliente até a desenhos mais complexos”, salienta.

Esses tipos de revestimento de painéis, mesmo que consolidados no mercado, possuem a concorrência da impressão direta, a qual ainda possui algumas lacunas no mercado que não puderam ser atendidas pela indústria local, o que tem limitado o aumento da demanda interna.

Atualmente, por exemplo, especialmente no caso dos móveis populares, existe a preferência por móveis de alto brilho, entretanto a oferta limitada de papéis decorativos de alto brilho tem favorecido a substituição do FF pela impressão direta, visto que altos níveis de brilho podem ser alcançados na impressão.

Outro caso é o do papel de baixa gramatura, tendo em vista que a oferta de papéis decorativos com baixa gramatura no mercado doméstico é muito pequena. Os consumidores têm buscado papéis decorativos com baixas gramaturas devido ao seu custo, que é mais baixo. A adoção de papéis com baixa gramatura também implica no uso de menores quantidades de adesivo no processo produtivo, reduzindo, consequentemente, os custos de produção.

Merece destaque ainda o papel base, o qual no Brasil, possuía, até pouco tempo, uma qualidade bastante aquém da esperada. Os principais aspectos que comprometiam o material estavam relacionados a não-uniformidade da gramatura e ao acabamento superficial. Entretanto, atentos a isso, os produtores dessa matéria-prima estão revertendo a situação gradativamente.

Revestimento de painéis MDF e MDP

Não há diferença na hora de trabalhar com revestimento de painéis em MDF ou MDP, pois os dois permitem o uso dos tipos existentes no mercado. No caso do MDF, a tora é transformada em fibras semelhantes a algodão e depois são adicionadas resinas, parafinas e a madeira é submetida ao processo de alta temperatura e pressão para tornar-se o painel de MDF.

Se no MDF pode-se comparar as fibras existentes na madeira com algodão, no MDP compara-se com ferragem, pois as fibras são um pouco maiores e misturadas a resinas e parafinas sofrem aquele mesmo processo de prensagem em alta pressão para tornarem-se o painel. E por apresentarem processos tão semelhantes, podem ser trabalhados da mesma forma na hora do revestimento.