Elas representam 98% do número total de estabelecimentos produtivos do Brasil, de acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), entretanto, as micro e pequenas indústrias têm uma produtividade relativa que equivale a 10% e 27%, respectivamente, de uma grande empresa – números muito baixos quando comparados aos índices apresentados por países como a Alemanha. Lá, a microempresa tem produtividade equivalente a 67% de uma grande empresa e a pequena, a 70%.
Diante desse cenário, vale a pena conferir a importância que um bom índice de produtividade pode exercer sobre as micro e pequenas indústrias moveleiras e ficar por dentro de algumas dicas para aumentar a eficiência produtiva e a lucratividade da sua empresa.
Como a qualificação da mão de obra afeta a produtividade das micro e pequenas indústrias?
A baixa produtividade registrada entre as micro e pequenas empresas de móveis pode estar relacionada ao fato de que boa parte delas é constituída por pessoas de uma mesma família. “Na maioria das vezes, a mão de obra utilizada é preparada dentro do próprio local de trabalho pelos colaboradores mais antigos e experientes. Não à toa, seus administradores desconhecem as condições e os meios pelos quais poderiam melhorar a produtividade”, enfatiza Vilson Polli, diretor da Escola Senai de Itatiba.
O que também dificulta é a falta de oportunidade de interação com tecnologias de ponta. Muitos profissionais de micro e pequenas indústrias não realizam visitas técnicas e nem frequentam feiras do setor para participar de palestras e workshops, que servem como ferramenta de atualização sobre o mercado, dando dicas de como melhorar processos produtivos, identificar o que os concorrentes diretos e indiretos estão produzindo e descobrir o que é possível fazer para modernizar o seu próprio negócio.
Programa Brasil Mais Produtivo
Reconhecendo a importância da produtividade para as micro e pequenas empresas e pensando em melhorar em, pelo menos, 20% a produtividade das indústrias brasileiras, através de modificações rápidas com foco na redução do desperdício, o Governo Federal lançou, em abril do ano passado, o Programa Brasil Mais Produtivo. A iniciativa visa atender, até o final deste ano, 2 mil pequenas empresas, com treinamentos de 120 horas ministrados por especialistas do Senai e do Sebrae.
“No mercado competitivo que estamos vivendo, no qual temos que obter lucro achatando o preço final, é a eficiência dos processos que vai permitir tornar o negócio viável”, enfatiza Nelson Endrigo Junior, consultor do Sebrae-SP.
A relação entre produtividade e qualidade dos processos industriais
Ao contrário das grandes empresas que costumam ter uma margem, principalmente para enfrentar momentos de crise, as micro e pequenas de móveis têm poucas saídas para se manter. Em geral, como alternativa, se pensa em aumento do preço praticado ou eficiência produtiva.
Atualmente, as empresas estão se vendo obrigadas a fazer mais com menos. Antes, elas tinham uma margem que absorvia problemas de baixa eficiência dos processos, eram poucos concorrentes e havia uma proteção do mercado.
Com a globalização, esta situação mudou, as pessoas buscam produtos com alto valor agregado, o que faz com que a empresa precise se preocupar com um planejamento estratégico, além de realizar investimentos em tecnologias, apostar na criatividade, inteligência, informação e design de seus produtos. “É de grande importância e necessidade que as pequenas e micro indústrias se preocupem cada vez mais com a eficiência no processo produtivo”, salienta o diretor do Senai.
O aprimoramento do processo propicia um aumento da produtividade e, consequentemente, a melhora na distribuição do produto. Só que, para isso, de acordo com o consultor do Sebrae, “é preciso definir uma estratégia na empresa e elaborar objetivos e metas para a implementação dela, além de conhecer os clientes, buscar se atualizar e aproveitar as oportunidades de melhorias”, destaca.
O desafio de aumentar a produtividade está bastante presente no cenário atual, tendo em vista que, em um mercado cada vez mais competitivo, aumentar preço para obter margem de lucro não é mais a melhor solução: é preciso apostar na qualidade do produto e aumentar a produtividade sem ampliar o grupo de trabalho, abrindo espaço para as novas tecnologias.