Quando falamos sobre madeiras nobres é essencial fazermos uma reflexão sobre a origem do termo “nobre” atribuído a árvores e a madeira.

À época do Brasil Império, a Coroa impôs uma lei que proibia civis de extraírem madeira de algumas espécies de árvores nativas, que só poderiam ser derrubadas para uso pela própria coroa, o que originou a expressão “madeira de lei” ou “madeira nobre”, que utilizamos até hoje.

As características dessas madeiras eram principalmente a sua densidade, resistência e durabilidade, que faziam com que o seu uso se destinasse para diversos fins, incluindo a construção civil, a construção naval, as  ferrovias e, principalmente, o mobiliário. 

“Atualmente temos catalogado no Brasil mais de 900 espécies diferentes de árvores, mas o conceito de madeira nobre se mantém o mesmo, ou seja: aquelas madeiras que se distinguem pouco entre seu cerne e alburno, que resiste a fungos, cupins, intempéries e que possuem características de cor e cheiro bem proeminentes”, explica a marceneira e empresária Letícia Saba.

E, dentre as principais madeiras nobres comercializadas no Brasil estão:

  1. Pau-Brasil
  2. Jacarandá
  3. Jatobá
  4. Ipê 
  5. Imbuia
  6. Pinho
  7. Peroba
  8. Cedro
  9. Mogno Brasileiro
  10. Cerejeira

Ao falar dessas madeiras é importante destacar que sua exploração desde o período colonial até os dias de hoje resultou na extinção de diversas dessas espécies, justamente por serem árvores nativas com germinação e crescimento natural.

“Essas espécies levam dezenas e até centenas de anos para sua maturidade de corte e uso e ao longo de sua exploração, e elas não foram replantadas na medida de seus cortes”, enfatiza Letícia, acrescentando que essa é a razão pela qual várias delas há anos são protegidas por leis que proíbem sua extração indiscriminada. 

Ainda segundo Letícia, devido às limitações do uso de madeiras nobres e da preservação da diversidade do meio ambiente, várias outras espécies mais comuns de madeira ganharam força no Brasil, como o Pinus e o Eucalipto.

“Essas são espécies de crescimento e corte mais acelerado, mas que produzem madeiras de menos densidade e durabilidade, além de serem insumos para produção de madeiras engenheiradas, como o MDF e o compensado”, comenta a marceneira.

No entanto, essas madeiras ditas “comuns” também têm muito valor e importância no mercado e podem ser boas alternativas para a produção de mobiliário artesanal e de alta escala.

O uso legal da madeira nobre

De acordo com Letícia, a existência das madeiras comuns não exclui o uso legal e consciente das madeiras nobres, que são muito comercializadas e utilizadas em todos os segmentos de atividade brasileiro.

“Sem dúvidas o uso de madeiras nobres com certificação ambiental agrega imenso valor aos mobiliários, assim como durabilidade e resistência”, afirma a especialista.

Ela também observa que é possível encontrar espécies nobres, com certificação ambiental, para uso diverso e que possuem grande valor no mercado e com consumidores conscientes de seu valor e dispostos a pagar por ele.

“A maioria das espécies já mencionadas como principais madeiras nobres brasileiras são ilegais de se cortar e, consequentemente, de se comercializar, mas temos outras de grande importância no mercado atual, como o Tauari, o Marfim, o Roxinho, a Massaranduba, o Angelim, o Cumaru, a Garapeira, a Teca, dentre outras que podem ser comercializadas com a devida certificação”, enfatiza Leticia. 

Madeiras nobres no mobiliário

No mobiliário, o uso de madeiras nobres é capaz de resultar em peças que carregam as mesmas características da madeira, ou seja, resistência e durabilidade, o que faz com que elas sejam usadas principalmente para mesas, cadeiras, camas, cômodas e outras peças que duram anos e até gerações.

“No entanto, é importante salientar que, justamente pela característica de algumas dessas madeiras ser a sua densidade, muitas vezes a falta de maleabilidade dificulta o processo de produção, sendo um aspecto negativo na produção, principalmente a artesanal.”

Ela também pontua que, por tudo o que o Brasil passou desde seu período como colônia até hoje, atualmente existe uma preocupação imensa a respeito da manutenção das espécies nativas e do cuidado no manejo dessas árvores.

“Essa preocupação é de extrema importância, pois essa diversidade só se manterá se combatermos o desmatamento ilegal e fomentarmos o reflorestamento dessas espécies para que perdurem por muitos anos”, elucida Leticia. 

Ainda de acordo com ela, esse cenário deu origem a um movimento crescente no mercado de plantio de espécies nativas e do uso de opções modificadas de árvores que produzem madeiras nobres com crescimento em menos tempo, como é o exemplo da Mogno Africano e do Cedro Australiano.

“Ambas espécies possuem forte investimento florestal atualmente e que, aos poucos, está sendo conhecido e utilizado como opção para produção de mobiliário com características de madeiras nobres”, finaliza a especialista.

Sobre o mercado, confira também o e-book ForMóbile Dados sobre o Mercado de Exportação de Madeiras.