Desde os anos 1980, a indústria têxtil pesquisa o uso de aroma e de lá para cá microcápsulas foram desenvolvidas para ajudar na preservação de cheiros em produtos para diversos segmentos, inclusive para o de móveis. A técnica aplicada em tecidos para sofás, poltronas e colchões, além de acessórios de decoração como cortinas e mantas, leva em sua composição pequenas partículas dispostas nas fibras têxteis. O resistente perfume suporta mais de 25 lavadas, segundo estudos de universidades europeias, e pode-se tornar um diferencial de venda em um mercado composto por consumidores cada vez mais em busca de personalização.

É possível produzir móveis com tecidos que absorvam maus odores e ao mesmo tempo exale perfume

Doutor em engenharia têxtil e docente do Centro Universitário FEI, Paulo Alfieri explica que as microcápsulas vêm da tecnologia dos medicamentos. “São pequeníssimas esferas que contêm no interior alguma fragrância ou mesmo medicamento”, comenta. Há, ainda, outros tipos de produtos que proporcionam cheiro, como a ciclodextrina, uma substância com particularidade de remover odor como o da fumaça de cigarro. “Se prestam para aplicações diversas como em cortinas e estofados.”

Nos produtos vendidos nos Estados Unidos, segundo o professor, os aromas de alecrim e lavanda das cortinas e colchas só são percebidos quando o tecido é manuseado. Por lá, as companhias apostam que liberar essência vai além do cheiro e envolve também mexer com a sensação do toque.

Outra possibilidade já em curso no Brasil é a utilização de tintas perfumadas para aplicação em móveis. Elas têm o propósito de proporcionar uma nova experiência, sensação de conforto e bem-estar, assim como entrar em um carro novo.

Na contramão desse diferencial competitivo está um dos entraves para a ampliação de uso: o preço de produção e o repasse para o consumidor final. “É possível combinar esses acabamentos e ter um artigo que absorva maus odores e, ao mesmo tempo, exale perfume. Não há problema técnico para a indústria moveleira. A questão especialmente no Brasil é o custo disso. No exterior (Europa, Japão e Estados Unidos) esses desenvolvimentos já existem há quase duas décadas”, compara.

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