Da montagem à manutenção, passando pela inspeção de estruturas metálicas e chegando à automação: a terceirização não tem mais volta para as indústrias. Cerca de 70% delas contam ou contaram, nos últimos três anos, com prestadores de serviços, segundo a Sondagem Especial da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Em contrapartida ao alto volume de processos, é comum que a contratante enfrente dificuldades como qualidade menor que a esperada, risco produtivo e insegurança jurídica.
Problemas aparecem, normalmente, quando a terceirização não é feita em conjunto entre as áreas demandante e de suprimento, pois cada uma tende a levar em consideração medidas distintas. Enquanto um lado está inclinado ao quesito técnico o outro tem como referência o valor do contrato. Aqui, o desafio é equilibrar os dois pesos sob a máxima “ser bem atendido com o menor custo”. Confira cinco motivos que dão dor cabeça à indústria e fuja deles.
Escolha errada do fornecedor
A percepção de entregas aquém da expectativa leva à análise do processo de contratação da prestadora de serviços terceirizados e pode concluir que a escolha não foi das melhores. Para avaliar um pouco melhor se a escolha foi certa ou errada, o coordenador de Consultoria em Gestão e Processo Produtivo do SENAI-SC, Rodrigo Kurek, aponta quatro critérios que levam ao parceiro ideal.
1 – Inquestionável reputação entre os clientes atendidos.
2 – Estrutura disponível para absorver o volume de atividades terceirizadas.
3 – Histórico de atendimento de processos similares ou para o seu segmento.
4 – Flexibilidade e fácil acesso às informações de gestão dos processos terceirizados.
Refém do fornecedor
Se a prestadora dos serviços detém equipes multidisciplinares que consigam absorver as especificidades de mais de um processo, é pertinente aceitar que ela acumule mais de uma etapa produtiva em sua indústria, assim há ganho no contrato em escala maior. Contudo, redobre a atenção aos riscos atrelados e questione “em caso de falência do fornecedor, os impactos em mais de uma frente são possíveis de serem amenizados com agilidade?”.
Dificilmente quem oferece tudo é especialista em tudo, então prefira entregar de duas a três atividades para a mesma prestadora de serviços. Quanto mais parceiros com focos específicos, melhor.
Falta de avaliação periódica
Ter uma política de terceiro bem delineada dá parâmetros para avaliar constantemente o desempenho do fornecedor e analisar se o que foi prometido em contrato está sendo desempenhado. Passo importante para isso é formatar um manual que indique os níveis de serviço (SLA) e o escopo do trabalho, por exemplo. “É a ação preventiva de risco que leva a um bom processo de gestão da técnica, do contrato e do terceiro”, diz Adriano Dutra da Silveira, consultor de gestão de risco da terceirização da Level Group.
Ter uma política de terceiro bem delineada dá parâmetros para avaliar constantemente o desempenho do fornecedor e analisar se o que foi prometido em contrato está sendo desempenhado
Distração na área técnica
A principal finalidade da terceirização é permitir que a indústria canalize seus esforços na gestão dos processos estratégicos para o negócio, usando ao máximo os conhecimentos específicos de seus colaboradores para alcançar um diferencial competitivo. Logo, não é inteligente usar o tempo de um profissional da área demandante para gerir contratos, pois assim são geradas distrações desnecessárias e o desempenho estratégico pode ficar comprometido. A ele cabe o que mais entende: a gestão técnica do serviço.
Falta de atenção às questões trabalhistas
Você já ouviu falar em casos de empresas tomadoras de serviços responsabilizadas a ressarcir obrigações trabalhistas não executadas pela terceirizada? Essa situação causa tanto arrepio no mercado que 83,4% das indústrias de grande porte e 77,3% das de médio porte verificam o cumprimento dos encargos dos empregados da contratada, de acordo com a Sondagem da CNI.
“É prudente que no momento da contratação a empresa se certifique que a terceirizada tenha respeitada e quitada todas as suas obrigações trabalhistas e que possua saúde financeira suficiente para cumpri-las”, informa Carlos Kurtz, diretor jurídico da FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina).