A economia criativa vem ganhando cada vez mais espaço por valorizar ideias, talentos e expressões culturais como forma de gerar trabalho, renda e desenvolvimento. Áreas como a arquitetura, a marcenaria e o design de móveis e interiores são ótimos exemplos de como a criatividade pode se transformar em negócio.
Isso porque esses setores combinam saberes antigos com novas tecnologias, oferecendo soluções que vão além da funcionalidade — elas também carregam identidade, estilo e significado.
Assim, criatividade e inovação andam juntas para transformar espaços e, ao mesmo tempo, movimentar a economia de forma mais humana e sustentável. “Na nossa leitura, a Economia Criativa é o conjunto de atividades econômicas baseadas no capital intelectual, cultural e criativo como principal recurso de geração de valor”, conceitua Fabiana Ivo, gestora operacional de A Banca, negócio de impacto social que atua para fortalecer a economia criativa no Brasil.
“Ao invés de depender apenas de recursos naturais ou infraestrutura pesada, esse tipo de economia se ancora na criação de ideias, narrativas, identidades, experiências e expressões culturais. E isso inclui setores como artes, design, moda, audiovisual, arquitetura, games, publicidade, literatura, entre outros”, continua Fabiana.
Impacto da economia criativa
Esse tema tem ganhado cada vez mais relevância no mercado porque, de acordo com uma série de pesquisas, o setor cultural está entre as áreas que mais crescem no mundo, respondendo por 6,1% da economia mundial. Segundo a Unesco, as indústrias culturais e criativas produzem um faturamento anual de US$ 2,25 bilhões e quase 30 milhões de empregos no mundo, fornecendo trabalho para mais pessoas com idade entre 15 e 29 anos do que qualquer outro setor.
Outro recente estudo feito pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI) projetou que, até 2030, a economia criativa deverá gerar um milhão de novos empregos no Brasil, aumentando ainda mais sua atual participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB).
Além disso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também revelou que o setor empregava, em 2023, 7,4 milhões de pessoas no país e, agora, a expectativa é que esse número cresça para 8,4 milhões até 2030.
Criatividade e oportunidades
“Esse conceito é de extrema importância para o crescimento econômico do país, isto porque está ligado à geração de empregos e ao fortalecimento de identidades locais através do estímulo à inovação em diferentes cadeias produtivas”, observa Fabiana.
“No entanto, também é importante destacar que muitos profissionais da economia criativa se deparam com condições precárias de trabalho, sem direitos assegurados e com alto nível de informalidade”, continua a gestora, pontuando que, na prática, o valor que esses profissionais geram com as suas criações nem sempre é distribuído de maneira justa.
Apesar disso, Fabiana ainda acredita que a economia criativa pode ajudar (e muito), no crescimento e no desenvolvimento do país. “Em primeiro lugar, precisamos olhar para os territórios vulnerabilizados, onde os empregos formais são escassos. Nesses lugares, as atividades criativas como moda, gastronomia, audiovisual, grafite, confecção de peças e design artesanal oferecem alternativas reais de geração de renda, fortalecimento comunitário e construção de narrativas próprias”, explica a gestora, enfatizando que a criatividade da periferia é sinônimo de potência.
Fabiana também pontua que a economia criativa é uma fomentadora da cultura brasileira, isso porque ela valoriza a diversidade e a memória coletiva.
“Ela também ajuda socialmente, porque inclui grupos tradicionalmente excluídos ao reconhecer saberes populares e, por exemplo, a cultura da periferia”, destaca a gestora. “Além disso, a economia criativa ajuda a sociedade a construir um pensamento crítico, ou seja, evidencia uma expressão que combate a forma automatizada e o consumo massivo”, conclui a especialista.
Aproveite para se aprofundar na relação entre design e sustentabilidade.