No universo dos móveis planejados, antes de considerar qualquer proposta como uma grande oportunidade, é preciso ter cautela para que o negócio não se transforme em um verdadeiro prejuízo.

Este conteúdo é dedicado a todos os profissionais do setor, com dicas valiosas de Paula Dutra, co-fundadora do Empreenda Marcenaria, sócia do Sistema FLEP e da Zarmadi e especialista em gestão, precificação e consultoria para desenvolvimento de negócios no setor moveleiro.

Segundo Paula, todo negócio existe para dar resultado, no entanto, isso não significa apenas vender. “É preciso garantir que o projeto faça sentido para o cliente e para a empresa. Para isso, é essencial entender as operações, quais são os custos reais, se há estrutura para cumprir prazos e se a forma de pagamento cabe no fluxo de caixa”.

Ou seja, sem tal análise, o que parece vantagem no início pode virar um grande problema depois. Isso porque avaliar todos os aspectos é o que traz clareza, previsibilidade e segurança para construir lucro de forma consciente e sustentável.

Principais aspectos para uma negociação efetiva de projeto de móveis planejados

De acordo com a especialista, alguns pontos fundamentais precisam estar sempre no radar antes de fechar qualquer negócio. Entre eles, a viabilidade financeira: “olhar o orçamento com clareza, entender custos reais, calcular a margem de contribuição e checar se a forma de pagamento proposta pelo cliente cabe no fluxo de caixa da empresa é primordial”.

Nessa lista, Paula inclui também a capacidade produtiva. Ou seja, avaliar se a estrutura, a equipe e as máquinas dão conta de atender dentro do prazo sem comprometer outros projetos.

Também, a clareza técnica do trabalho com a análise de materiais, mão de obra, logística, nível de dificuldade, capacidade técnica e ferramental necessário para garantir a execução sem surpresas.

E, por fim, o alinhamento estratégico: “verificar se o projeto fortalece a imagem e o posicionamento da empresa ou se vai apenas sobrecarregar a operação sem agregar valor de verdade”, pontua.

O que não pode faltar no contrato?

Todo contrato precisa ser transparente e prever o que pode dar errado durante o projeto. Ele é o respaldo tanto da empresa quanto do cliente.

Alguns pontos que não podem faltar:

  1. Regras claras sobre prazos de entrega;
  2. Condições em caso de atraso ou falta de pagamento;
  3. Detalhamento de valores e formas de pagamento;
  4. Regras sobre alterações de projeto: como serão tratadas mudanças solicitadas após a aprovação inicial;
  5. Tratamento de atrasos por situações fora do controle;
  6. Definição das etapas do processo: desde a aprovação do projeto técnico, produção, entrega até a instalação, para que tudo fique registrado;
  7. Cláusula de garantias.

Quando um projeto de planejados realmente vale a pena?

Alguns projetos mostram de cara que valem a pena. Conforme explica Paula, isso acontece, principalmente, quando já existe um histórico confiável do respectivo tipo de trabalho.

“Custos bem conhecidos, prazos testados na prática e gargalos já mapeados. Essa experiência prévia reduz riscos e permite fechar o negócio com rapidez sem comprometer a segurança da empresa.”

Por outro lado, a co-fundadora do Empreenda Marcenaria diz que quando não há esse histórico, é fundamental sentar, analisar o projeto com calma e elaborar o orçamento da forma correta. “Vale verificar todos os gastos envolvidos, tempo real de produção e capacidade de entrega”.

Tal cuidado evita que uma negociação aparentemente boa se torne um problema financeiro ou operacional.

“É melhor recusar um projeto quando o resultado financeiro é negativo ou insuficiente, quando a forma de pagamento proposta pelo cliente não se encaixa na saúde do fluxo de caixa da empresa ou quando a estrutura disponível não garante a entrega dentro do prazo acordado em contrato.”

Dicas finais para projetos de móveis planejados

Para finalizar, Paula ressalta que garantir o sucesso de qualquer projeto inclui o estabelecimento de regras claras desde o início e a comunicação de cada etapa de forma objetiva.

O cumprimento dos prazos acordados deve ser prioridade, assim como o monitoramento constante dos custos e da produtividade, para que nada fuja do controle.

“Além disso, trabalhar em parceria com o cliente, mantendo uma relação de confiança e profissionalismo, é o que fortalece a credibilidade da empresa e garante a satisfação de ambas as partes”, conclui.