O fortalecimento do crédito público pode representar um divisor de águas para a indústria moveleira nacional.

Em um momento em que o setor busca se reposicionar frente às novas exigências de mercado — como digitalização, sustentabilidade e competitividade global — o acesso a financiamentos públicos com condições mais acessíveis se torna estratégico.

Crédito, financiamento e outros incentivos para a indústria

Linhas de crédito direcionadas e políticas de fomento são capazes de destravar investimentos represados, estimular a modernização tecnológica e apoiar a ampliação de capacidade produtiva, especialmente para pequenas e médias empresas. 

“No cenário atual de juros elevados e instabilidade global, o crédito público se torna uma alavanca essencial para viabilizar projetos estruturantes, como automação, digitalização e aumento de capacidade produtiva, que são fundamentais para o crescimento planejado e competitivo das indústrias”, explica Ivana Béber, Head of Funding for Innovation & Partner da Gröwnt.

“Empresas que estruturam bem seus projetos inovadores e complementam investimentos com os recursos subsidiados disponíveis conseguem vantagens concretas frente à concorrência, inclusive em setores prioritários do governo, como os definidos pelo programa Nova Indústria Brasil.”

Ainda segundo ela, o setor moveleiro nacional está em um momento de retomada após anos de retração, soma-se a isso o fato da indústria estar voltando a ser vista como pilar do desenvolvimento sustentável, o que torna o crédito público ainda mais importante para alavancar o mercado.

“A indústria está enfrentando desafios como juros altos, concorrência internacional e necessidade de atualização tecnológica, mas também oportunidades com novos programas de fomento e políticas industriais robustas”, enfatiza Ivana, acrescentando que o momento é decisivo porque a capacidade de adaptação e o aproveitamento desses instrumentos determinará quem irá crescer e se consolidar no novo ciclo econômico.

Oportunidades e requisitos para obtenção de crédito

Dentre os novos programas de fomento desenvolvidos para as empresas brasileiras destaca-se o Nova Indústria Brasil (NIB). Lançado em 2024, ele prevê investimentos de R$300 bilhões no setor indústrial até 2026 e metas até 2033.

“O programa utiliza instrumentos como crédito subsidiado, incentivos fiscais e fundos especiais para apoiar seis missões estratégicas: agroindústria, saúde, infraestrutura urbana, tecnologia da informação, bioeconomia e defesa”, explica a especialista.

“As vantagens de participar do NIB incluem acesso a financiamentos com taxas atrativas, apoio à modernização e inovação, estímulo à sustentabilidade, fortalecimento da autonomia nacional e o aumento da competitividade das empresas brasileiras no cenário global.”

No entanto, para uma indústria poder participar do programa é necessário atender a uma série de pré-requisitos estabelecidos pelo Governo Federal, com o objetivo de alinhar os projetos às missões e metas do NIB.

Confira alguns deles:

  1. Alinhamento estratégico: a empresa deve apresentar projetos que estejam em consonância com as seis missões do programa;
  2. Viabilidade técnica e econômica: os projetos precisam demonstrar viabilidade técnica e econômica, evidenciando o potencial de geração de emprego e renda;
  3. Regularidade fiscal e trabalhista: a empresa também deve estar em dia com suas obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias;
  4. Documentação transparente: é necessário apresentar documentação contábil e fiscal organizada e transparente, fortalecendo sua credibilidade;
  5. Compromisso com inovação e sustentabilidade: a indústria precisa se mostrar disposta a implementar práticas inovadoras e sustentáveis, reforçando sua responsabilidade ambiental e social;
  6. Adequação aos instrumentos financeiros: para participar do programa a companhia também precisa estar apta a acessar os instrumentos financeiros disponíveis no NIB, como empréstimos, subvenções, créditos tributários, entre outros.

Para Ivana, o momento atual é altamente favorável para empresas que buscam inovar e crescer de forma sustentável no Brasil. Isso porque, além do crédito subsidiado, há incentivos fiscais relevantes (Lei do Bem, Lei de Informática, entre outras) e oportunidades crescentes fora do eixo Sul-Sudeste.

“A aproximação entre empresas, universidades e ambientes de inovação é também relevante para acelerar o desenvolvimento tecnológico e a competitividade”, finaliza.