Desde 2015, uma equipe de pesquisador vem trabalhando no desenvolvimento, aprimoramento e licenciamento de uma tecnologia que transforma resíduo de madeira em produto sustentável. Porta-voz dessa inovação, Glaucinei Rodrigues Corrêa, professor da Escola de Arquitetura e Design da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), revela todas as etapas percorridas para chegar ao estágio atual que já permite criar um peças como um bowl usando apenas 120 gramas de resíduos.

Batizada de Ligno, a tecnologia teve como ponto de partida uma pesquisa aplicada a 39 empresas do Polo moveleiro de Belo Horizonte. O resultado, que espelha os demais polos do Brasil, de acordo com o professor, foram: 

  • Maioria das empresas não separada os resíduos por tipo;
  • Existe dificuldade em quantificar;
  • Há diversidade no modo de armazenamento;
  • Descarte inadequado;
  • Grande quantidade de resíduos gerados.

Como resolver o problema? “Nossa preocupação não era só dar destino, mas atender a prerrogativa de resolver com responsabilidade social e ambiental porque muitos descartes ocorrem em qualquer tipo de lugar”, afirmou Corrêa em entrevista concedida durante o segundo dia da ForMóbile Xperience 2020.

Entre os anos de 2015 e 2018, ao todo, foram realizadas diversas etapas no processo de pesquisa tecnológica: diagnóstico sobre resíduos, desenvolvimento do material e de produtos, além da patente do processo. E desde 2019 a turma vem trabalhando com o aprimoramento do material e licenciamento da tecnologia para empresas que queiram implantar em suas fábricas.

Definições sobre a tecnologia Ligno

A tecnologia Ligno é um processo de transformação dos resíduos de madeira maciça ou de placas de madeira reconstituídas (MDF ou MDP) em produtos de alto valor agregado. A título de exemplo, como pode ser visto na imagem abaixo, 120 gramas de pó de madeira foram transformados em uma bonita bowl.

 

 

Em termos de propriedades, os resultados apresentados após ensaios de microdureza, impacto, flexão, rugosidade e citotoxicidade indicam que a tecnologia pode, potencialmente, ser aplicada em produtos de diversos usos, como em mobiliário, utensílios, iluminação e artesanato. Já no que diz respeito a resistência mecânica, o Ligno está próximo a dos painéis de MDF.

“Nosso objetivo não é ser concorrente do MDF, pois ele é fabricado em grandes plantas. A vantagem do Ligno é ser moldado e já sair pronto do molde”, diz o professor.

Veja e reveja na íntegra a entrevista com os detalhes do processo produtivo da tecnologia Ligno. Basta clicar neste link da ForMóbile Xperience 2020.