Três em cada quatro brasileiros jogam jogos eletrônicos. Ou seja, mais de 74,% da população do país é “gamer”. Esse número levou o Brasil para a lista dos países que lideram o mercado de games, sendo o décimo colocado no ranking mundial e o primeiro colocado no ranking da América Latina.
Além disso, os gamers brasileiros jogam em média duas horas e meia por dia, número ligeiramente acima da média global, de duas horas e 14 minutos.
Nesse cenário, esse público tornou-se um nicho de mercado com alto potencial para o setor moveleiro, especialmente para arquitetos, designers e marceneiros que podem desenvolver produtos exclusivos para esse segmento.
Em alta no Pinterest, os quartos gamer adaptados ao universo de quem é fã de jogos, filmes, desenhos animados e comic books, têm decorações inspiradas em várias temáticas diferentes, de acordo com o gosto pessoal de cada gamer. E, para desenvolver esses espaços, o céu é o limite da criatividade.
“As empresas precisam entender onde está o diferencial no mobiliário gamer. A função da marcenaria aqui é menos sobre guardar ou esconder os objetos, e sim sobre expor um cenário e servir de apoio para seu uso”, explica a arquiteta Jessika Cavalcante do Morada 506, acrescentando que esse público busca coisas bem diferentes em relação aos clientes tradicionais.
“Outro ponto que chama muita atenção dos gamers é a iluminação, presente nas fitas de LED. Sempre com bastante opções, dando muito destaque para a decoração e também para a pessoa que está apresentando os streams.”
Ainda segundo ela, os dois principais itens em uma marcenaria gamer são os nichos e uma boa bancada de trabalho. Outra dica é apresentar uma disposição interessante na estante que poderá servir de cenário, com prateleiras e nichos bem iluminados para compor o quadro que ficará em cena.
“A bancada também precisa dar conta de todos os equipamentos, sendo muitas vezes mais de uma tela de computador, e sem esquecer de uma boa área técnica (com portas) para esconder todo o volume de fios”, observa a arquiteta.
Como conquistar o público gamer?
Jessika também explica que para as empresas tornarem os móveis gamers mais atrativos elas precisam saber como atender às demandas específicas desse público, incluindo nos projetos um visual criativo e moderno.
“As fitas de LED em RGB são essenciais para compor o cenário dos quartos gamer, elas trazem cor e destaque para a decoração do cliente”, orienta a arquiteta. Segundo ela, essas luzes devem ser direcionadas de maneira indireta, dando destaque aos cantos mais interessantes da decoração.
“Muitas vezes, além das fitas de LED, o cliente gosta de apresentar seus vídeos com algum equipamento de ring light para iluminação frontal, então a bancada de trabalho deve prever o espaço para pedestal, cabos, entre outros”, continua Jessika.
Para a arquiteta, além de pensar na aparência dos quartos gamers, os profissionais que decidirem desenvolver projetos para esse público também precisam pensar na estrutura dos móveis que devem cumprir suas funções e comportar os equipamentos utilizados pelos gamers.
“Não pode faltar uma bancada de trabalho bem espaçosa e profunda, com passagem de cabos para área técnica, e suporte para pedestais de microfone”, enfatiza Jessika.
“Além disso, é preciso ter muita criatividade para dispor os principais objetos de decoração do cliente no tema de seus vídeos, de maneira que fique bem enquadrado na câmera, compondo o cenário.”
A decoração de um quarto gamer
De acordo com Jessika, a dica para decorar um quarto gamer é transparecer a personalidade do conteúdo que o cliente produz nas redes. “Dentro do universo gamer temos diferentes segmentos e nichos. Precisamos de uma boa reunião de briefing para entender com qual universo estamos lidando e traduzir isso no projeto”, orienta a arquiteta.
“O cliente não entrega a receita pronta, temos sempre que ir interpretando o material que ele traz e transpondo isso para o projeto”, continua Jessika, acrescentando que os itens de decoração e objetos de destaque muitas vezes são por conta do cliente.
“Pensando nisso é importante já ter as dimensões de todos os artigos que serão expostos, para projetar os nichos e prateleiras sem erro”, indica a arquiteta.
O diferencial de um projeto para gamers está na autenticidade
“Se existisse um ‘modelo padrão’ de cenário gamer para ser reproduzido em série por aí, não ia causar impacto e realizar o sonho do cliente”, enfatiza Jessika, destacando que a diferença de um espaço que apenas cumpre sua função e de um projeto excelente está nos detalhes.
“A personalização começa na reunião de briefing e está presente em cada escolha que o marceneiro faz após o entendimento da personalidade do cliente”, explica a arquiteta.
“As cores, texturas, espessuras e a composição de caixas – está tudo interligado com o gosto pessoal de quem irá apresentar os vídeos e jogos. É preciso mergulhar nesse mundo particular do conteúdo digital específico que o cliente produz, para entender o ponto de partida”, aconselha Jessika, alertando que se essa imersão não acontecer, o resultado ficará raso.
“Não basta dar conta da função dos móveis e atender bem aos equipamentos se faltar aquele brilho especial.”
Outro ponto de atenção citado por Jessika é na hora de desenvolver o orçamento do projeto de um quarto gamer. “É preciso contabilizar todo o material. Um cenário gamer tende a sair bem mais caro que um home office tradicional. Temos mais gasto em material, muitas prateleiras e tampos engrossados, usinagens diferenciadas para receber os cabos dos equipamentos e também para a fixação de pedestais, e o principal: metros e mais metros de fita de LED”.
“Vale redobrar a atenção nessa etapa para não ficar nada de fora”, finaliza Jessika.