Mesmo os períodos de baixa da economia não abalam os consumidores de alto poder aquisitivo, adeptos ao mercado de luxo. Com faturamento anual de R$ 20,6 bilhões no Brasil, esse segmento mostra-se promissor, de acordo com a pesquisa Total Retail Survey 2015 – Mercado de Luxo, da consultoria da PwC. O estudo aponta que a intenção de compra do segmento aumentou entre 2014 e 2015, com mais consumidores pretendendo adquirir produtos sofisticados. Isso abre os olhos do empresário do setor de móveis que deseja diversificar a produção industrial e buscar um novo caminho para as vendas.
A pujança desse mercado está relacionada ao desenvolvimento social observado no mundo todo. “Nossa geração tem mais condições que a anterior. E, depois que você cumpre algumas necessidades básicas, como casa, comida e segurança, você gasta com outras coisas”, afirma o presidente da ABIMAD (Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração), Michel Otte. Na visão do especialista, tais gastos podem ser resumidos em três prioridades: turismo, gastronomia e decoração.
Dessa maneira, a análise do mercado de luxo para o segmento de móveis fica mais simplificada de acompanhar. Hoje, já não é mais tão difícil comprar uma casa e a decoração – que se vale muito dos móveis – passou a ter um novo valor. O presidente da ABIMAD garante que hoje em dia, em alguns casos, chega-se a gastar quase 50% do valor do imóvel com decoração.
Como chegar no exterior
O crescimento global desse segmento traz uma importante oportunidade de exportar, ainda que com cautela. “O setor, se for comparar com o italiano ou o alemão, ainda está uns 30 anos atrasados”, alerta o executivo que pondera ao lembrar que nosso País está começando a trilhar esse caminho e a se tornar competitivo.
E a confiança de que esse caminho pode ser trilhado vem, justamente, porque o fabricante brasileiro começou a apostar numa fabricação original, com o apoio de designers locais. “No passado ainda tínhamos uma indústria que tentava produzir algo como o móvel italiano ou o norte-americano. Tínhamos esse costume de produzir o que eles demandavam. Mas isso começou a mudar e acho que o sucesso para atingir o mercado externo é desenvolver um desenho brasileiro autoral. Aí poderemos nos diferenciar”, finaliza.