Mesmo com o crescimento e o reconhecimento de que o design é capaz de agregar valor aos produtos e oferecer melhor qualidade de vida aos seus usuários, a indústria moveleira nacional investe pouco em linhas populares com formatos, estilos e funcionalidades diferenciadas. Basta olhar na vitrine de lojas do segmento para comprovar isso. Uma justificativa que ajuda a entender a carência está na falta de estudos aprofundados que mostram o real impacto econômico do trabalho do designer no Brasil. Com a competitividade a todo vapor e com consumidores cada vez mais exigentes, contudo, as empresas precisarão “se mexer” para não perder espaço.
“Aproximar a indústria do profissional de design se tornará cada vez mais necessário. Já não se pode fazer a mesma coisa do mesmo jeito”
Não basta mais concorrer pelo preço, o móvel hoje tem de ser capaz de suprir as necessidades e desejos. Essa é a reflexão de Claudia Lens, analista de negócios em Design do Instituto Senai de Tecnologia em Madeira e Mobiliário, localizado em Arapongas (PR), o segundo maior polo da indústria de móveis do Brasil. “Esse movimento aumenta a necessidade de melhoria contínua para sobreviver, consequentemente a necessidade de se inovar sempre, afinal, toda ação provoca uma reação, capaz de tornar o design cada vez mais acessível e o setor cada vez mais desenvolvido.”
Para avançar, essa questão precisa receber incentivos do mercado, da universidade e também dos profissionais do setor. Segundo a especialista, que tem 20 anos de experiência na área, a interação entre essas três frentes é de vital importância. As parcerias podem trazer resultados significativos para o desenvolvimento dos móveis populares. Porém, se trabalharem de forma individual, com certeza não terão o mesmo resultado.
Mercado de trabalho
Enxergar o design de forma estratégica e levar em conta a necessidade de humanizar a tecnologia com o desenvolvimento de produtos focados nas pessoas aos poucos começa a provocar mudanças nos postos de trabalho das indústrias. Empresas de móveis seriados voltados para classe C, que antes não tinham um setor de design e desenvolvimento, hoje já contam com um. “Aproximar a indústria do profissional de design se tornará cada vez mais necessário. Já não se pode fazer a mesma coisa do mesmo jeito”, considera Claudia.