Em um ambiente moldado por rápidas mudanças de tecnologia e processos, permanecer competitivo tem exigido empresas modernas, inovadoras e focadas no futuro. Com isso, o termo indústria de móveis 4.0 tem se tornado cada vez mais recorrente.
Hoje, as empresas de todo o mundo estão repensando como projetam e montam seus produtos, e isso não é diferente no setor moveleiro, que também conta com o desafio de elevar sua produtividade, reduzir desperdícios e otimizar seus resultados.
Sendo assim, o futuro da indústria de móveis já começou. No entanto, é uma oportunidade que também traz desafios. Confira.
A Indústria 4.0 no mercado
A denominação Indústria 4.0 surgiu quando foi criada uma aliança abrangente entre as empresas e o governo alemão, para digitalizar a economia. A ideia era criar fábricas inteligentes, com pessoas, máquinas e recursos se comunicando por meio de tecnologias de informação e comunicação de ponta.
Atualmente, estamos no quarto estágio revolucionário da fabricação industrial. A primeira – a Revolução Industrial, que começou no século 18 – trouxe a introdução da energia a vapor; a segunda a produção em massa e a linha de montagem; e a terceira a introdução gradual de sistemas eletrônicos e de controle. E, agora, a Indústria 4.0 – a quarta revolução industrial – continua em ritmo acelerado, possibilitada por mudanças críticas na tecnologia.
Os avanços em áreas como dados, análises e conectividade são a força motriz por trás de uma transformação na fabricação e na entrega de produtos e serviços. O desenvolvimento de tecnologias, incluindo inteligência artificial, realidade virtual e Internet das Coisas (IoT) – e as maneiras pelas quais elas podem interagir – conecta pessoas, máquinas e dados de novas maneiras.
O importante sobre essas tecnologias emergentes é que elas estão mudando a maneira como a indústria trabalha e interage com os clientes. Elas estão ajudando a instrumentalizar as indústrias, como a moveleira, que se modernizam e enxugam processos, tornando sua operação mais segura, personalizável às novas demandas e mais custo-eficiente.
Douglas Schenker, CEO da BIMachine, ressalta outros benefícios e potencialidades do 4.0 na indústria de móveis.
“O impacto da aplicação das chamadas tecnologias de manufatura avançada é inegavelmente positivo em todos os setores da indústria, e a moveleira não fica de fora disso. E as atenções do setor parecem se mostrar cada vez mais fortes neste sentido, especialmente no que tange a maquinário, inteligência de produção, integração de processos produtivos e gerenciais, bem como tudo o que possa agregar poder de gestão e incremento de produtividade, vendas e competitividade aos negócios”, resume.
4.0 na indústria de móveis: qual é o impacto?
Diferentemente do que alguns podem pensar, a indústria de móveis 4.0 não representa, necessariamente, equipamentos high-tech e robôs na linha de produção, sobretudo no estágio atual. O momento pode prover à empresa, também soluções para tornar o negócio mais competitivo e a gestão mais profissionalizada, como lembra Douglas Schenker.
“Na indústria moveleira, o avanço no uso de Business Intelligence e Analytics passa diretamente pelo incremento do poder de decisão e de gestão, culminando em avanços como maior integração entre o ERP (software de gestão) e as funções geridas com auxílio dessa ferramenta nas áreas de produção, orçamentação, gestão de pessoal e adoção de melhores práticas.”
Iniciativas como essa já começam a refletir em bons resultados. Vale lembrar de que a indústria moveleira apresenta um cenário promissor, mesmo diante da crise econômica. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do RS (MOVERGS), em 2017, último balanço divulgado, o setor apresentou R$63,92 bilhões em produção no país, e US$650,55 milhões em exportações.
Apenas no Rio Grande do Sul, um dos principais polos do segmento de móveis do país, a produção foi de R$11,1 bilhões, e as exportações da ordem de US$188,06 milhões.
A estratégia das empresas é, justamente, investir em tecnologia. Muitas indústrias têm implementado softwares e equipamentos emergentes para criar peças de mobiliário funcionais, cada vez mais customizáveis, confortáveis e atraentes para as novas demandas do mercado. No entanto, é sempre importante ter em mente que essa aplicação pode ocorrer, também, para otimizar e melhorar também a gestão de negócios.
“Temos visto muitas indústrias moveleiras aderirem a conceitos da Indústria 4.0, como a interligação de máquinas, automação de processos, agregação de camadas de inteligência, por meio da tecnologia, a práticas ou procedimentos antes unicamente operacionais. Nesta linha, uma das tendências que desponta é o investimento em software, especialmente na camada de gestão e norteamento de ações.
Quando falamos em norteamento de ações, estamos falando de todas as áreas: desde o chão de fábrica, até a parte financeira, comercial e de gestão geral do negócio. Para isso, o trabalho com dados, inserido na Indústria 4.0 por tendências como Big Data, Business Intelligence e Business Analytics vem com força – não por acaso, consultorias globais como o Gartner indicam que tais tecnologias avançarão, principalmente em função da integração de máquinas, pessoas e processos, para um nível de adesão em torno de 75% de todas as empresas analisadas ainda em 2020. Já o IDC aponta que o mercado corporativo de uso e análise de dados deverá alcançar investimentos na casa dos US$ 203 bilhões este ano, uma taxa composta de crescimento anual de 11,7%”, sintetiza o especialista.
O que esperar para o futuro do 4.0 na indústria de móveis?
As mudanças na indústria moveleira 4.0 afetam o mercado de várias maneiras: desde apresentar novas possibilidades de vendas e marketing até permitir que as empresas reduzam seu impacto no meio ambiente.
Outro ponto importante é que, se um dos principais benefícios das primeiras mudanças na indústria foi a capacidade de fabricar muitas das mesmas peças, todas idênticas, com o 4.0 na indústria de móveis, no entanto, a tendência é de que, cada vez mais, sejam exigidos níveis elevados de capacidade de personalização.
Os clientes devem apresentar o desafio às indústrias de entregarem móveis cada vez mais customizados, feitos em pequeníssima escala e sob um preço atrativo. E, para atender a essa, as tecnologias da Indústria 4.0 precisam ser aliadas bastante relevantes.
Desse modo, a indústria de móveis 4.0 se mostra cada vez mais promissora para ajudar a promover fábricas inteligentes, nas quais o fluxo de trabalho otimizado de cada produto seja modelado digitalmente, apresentando elevada flexibilidade, versatilidade de design e modelo produtivo. Essa deve ser uma virada de jogo muito importante para garantir competitividade ao setor.
A mudança para a configuração da Indústria 4.0 ainda requer um investimento inicial significativo, mas que, em contrapartida, oferece a possibilidade de aumentar a agilidade e a flexibilidade do mercado ao projetar e lançar novos produtos e experiências ao cliente.
Dessa forma, ao adicionar o 4.0 na indústria de móveis, é preciso estar por dentro das tendências e manter a discussão sobre como aprimorar a produção e assumir novas responsabilidades do mercado. Entretanto, feito estrategicamente, deve render bons frutos ao negócio e abrir uma gama de possibilidades para criação e transformação de valor.
“O uso de uma solução para análise de dados em tempo real, por exemplo, cada vez mais permitirá ter insights que designam decisões assertivas, resultando em melhoria de processos, otimização de práticas e alavancagem de ações realmente eficazes para o aumento da competitividade”, avalia o CEO da BIMachine.
E, para o futuro, o especialista também acredita que o 4.0 na indústria de móveis vá ajudar a trazer grandes benefícios para o setor:
“No longo prazo, é esperado que tal movimento agregue cada vez mais inteligência aos negócios do setor, tornando a indústria moveleira um novo case de aplicação da inovação como ferramenta de alavancagem para o crescimento”, finaliza.
Para saber mais sobre o 4.0 na indústria de móveis, confira, também, o infográfico sobre as potencialidades da Internet das Coisas para a setor moveleiro.