Num contexto geral, a biofilia diz respeito a uma conexão especial das pessoas com a natureza. O termo é de origem grega e significa vida (bios) e amor (philia). Ou seja, amor à vida ou ao que é vivo. 

E qual é a relação do design de interiores com esse conceito? Trata-se da integração consciente de elementos naturais nos ambientes construídos para melhorar o bem-estar físico e emocional de quem os ocupa

Com o aumento da urbanização e o distanciamento dos seres humanos da natureza, diversos estudos mostram que a ausência de contato com a natureza pode causar estresse, ansiedade, queda de produtividade e demais problemas. Por sua vez, o design biofílico é uma resposta a tal desequilíbrio.  

A ideia é reconectar as pessoas com o mundo natural mesmo em espaços típicos dos grandes centros urbanos. Segundo Juliana Pinheiro, Arquiteta e Engenheira, sócia fundadora da Arquiteia, “quando você tem uma imagem que remete a natureza, ela causa o mesmo efeito no cérebro que uma planta”

Ou seja, é importante investir em elementos, e a biofilia ajuda na composição deles. 

Quais são os princípios da biofilia no design de interiores? 

Não basta incluir plantas em um ambiente. A biofilia nos projetos compreende estratégias profundas e intencionais, as quais visam proporcionar experiências sensoriais e emocionais. Todas elas ligadas diretamente à natureza. 

Alguns princípios desse conceito você confere abaixo. 

1. Presença direta da natureza 

Esse princípio é sinônimo do uso de plantas vivas, jardins internos, hortas, paredes verdes, além de água em movimento e iluminação natural. Também, de ventilação natural e variação térmica controlada. 

2. Referências indiretas à natureza 

O uso de materiais naturais (madeira, pedra, algodão, linho e bambu) está ligado às referências indiretas à natureza. Podemos incluir ainda as paletas de cores inspiradas no meio ambiente, como tons terrosos, verdes e azuis, bem como formas e padrões (linhas orgânicas e fractais) e imagens e obras que retratam paisagens naturais. 

3. Espaços que provocam sensações naturais 

Em projetos de biofilia, ambientes podem ser criados a fim de transmitir sensação de refúgio e segurança. O mesmo vale para espaços com vistas para áreas verdes, integração de sons naturais, bem como texturas e aromas naturais. 

Podemos concluir, então, que ambientes projetados com princípios da biofilia podem oferecer diversos benefícios. Entre eles, calmaria, concentração, produtividade, criatividade, saúde física e mental, bem-estar, conforto, qualidade do sono, etc. 

“Hoje em dia, ficamos muito em casa, então, por que não trazer as coisas que buscamos fora, como num parque, uma praça, etc, para dentro?”, explica Juliana. 

Exemplos práticos 

A biofilia no design de interiores pode ser empregada em diferentes tipos de ambientes. Por exemplo, em casas, ela se apresenta em jardins verticais na sala, claraboias para a entrada da luz natural, móveis de madeira maciça, plantas no banheiro, cozinha e varanda, entre outros. 

Os escritórios também podem aproveitar tais benefícios com espaços verdes suspensos em nas paredes, em madeiras, tecidos naturais, vistas para o exterior, iluminação natural, etc. 

Já os hotéis, utilizam materiais naturais, sons da natureza em diversos espaços, jardins internos e áreas externas integradas, por exemplo. 

A propósito, hospitais e clínicas também podem apresentar o conceito em seus projetos de design. Cores suaves, plantas resistentes e janelas grandes com vista para os jardins estão entre as principais ideias. Inclusive, nestes locais, a biofilia é indicada para acelerar a recuperação dos pacientes. Para a arquiteta, “ter para onde olhar e sentir paz é fundamental”. 

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A CASACOR São Paulo aconteceu no Parque da Água Branca. Confira algumas imagens dos ambientes que se inspiram na tendência da biofilia.

Muito mais do que estética 

A biofilia no design de interiores vai além de uma tendência estética. Trata-se de uma abordagem capaz de reconhecer a importância da reconexão entre o ser humano e a natureza. Isso, independentemente da região – urbana ou rural e campestre. 

Ou seja, incorporar a biofilia é o mesmo que investir em saúde, bem-estar e qualidade de vida. 

Os projetos com as respectivas diretrizes tendem a transformar ambientes em locais mais agradáveis, saudáveis e emocionalmente equilibrados. Juliana completa que é possível compor diversos elementos e soluções. 

“É isso que é o mais legal. A gente faz o projeto da natureza, por exemplo, todo composto com a marcenaria.” 

 O objetivo é promover uma convivência mais harmoniosa entre o natural e o que é artificialmente construído. E mais: o design biofílico se consolida à medida que a consciência ambiental cresce, tornando-se um dos pilares mais importantes do design com viés sustentável e humanizado. 

“É, sim, uma tendência que vai continuar. Na verdade, o que fica é a sensação de lar: o abraço, o aconchego. E a natureza oferece isso, ela acolhe, traz sensações de pertencimento, de modo que a pessoa se sinta em casa”, finaliza a arquiteta.