O termo “quiet luxury” ou luxo discreto, no português, passou a ser amplamente falado após uma série de um canal de streaming trazer marcas de luxo sem seus símbolos e logomarcas aparecerem nas cenas.
Tudo isso despertou a curiosidade do público, pois somente quem conhecia os traços, costuras e materiais reconhecia as peças.
Desde então, temos a respectiva tendência no design de interiores. Adriano Tadeu Barbosa, Especialista em Marketing Pessoal e Mercado de Luxo, com foco em arquitetura, ressalta que o luxo discreto tem na essência o diálogo pelo olhar, pelo sentir, pelo expressar e pertencer, pelo conhecer e saber. Nunca só nas palavras.
“Sendo assim, ele precisa de pessoas sensíveis ao valor que ele transmite. Isso vai além do físico ou monetário, mas no impacto e nas histórias que se unem a quem o compra pelo originalmente feito à mão, com técnicas de gerações, alta qualidade nos materiais e completa elaboração, de ponta a ponta. O que pode ser em um produto ou serviço.”
O especialista explica que o luxo discreto no design de interiores sempre irá direcionar ao que é raro para o momento vigente.
“O luxo de hoje não precisa de palavras, é silencioso, tem sentido, é verdadeiro e repleto de propósitos. Mas somente para aqueles que dão valor a isso.”
Como o luxo discreto é caracterizado no design de interiores?
O luxo discreto confere uma abordagem sofisticada e refinada que privilegia a qualidade e a elegância sem ostentação.
O respectivo conceito defende a criação de ambientes que pronunciam criatividade e conforto, paralelamente, mas de maneira sutil. O objetivo é sempre destacar autenticidade e bom gosto.
A tendência é caracterizada por alguns fatores. Entre eles:
1. Materiais de alta qualidade
O que é nobre e duradouro faz parte do luxo discreto como, por exemplo, o mármore, a madeira maciça, o linho e os tecidos naturais. Essa atenção na escolha dos materiais é essencial.
2. Cores neutras
Como o objetivo é ser sutil, a paleta do luxo discreto traz tons neutros como bege, cinza, marrom, branco e terrosos. Tudo para proporcionar uma atmosfera atemporal elegante.
3. Artesanatos e peças exclusivas
O luxo discreto valoriza a exclusividade das peças e trabalhos feitos a mão, conforme explicou Adriano. Ou seja, o ideal é optar por móveis sob medida e obras de artes originais.
4. Detalhes
Todos os detalhes no design de interiores sob a ótica do luxo discreto são impecáveis, exalando sutileza e requinte ao mesmo tempo.
5. Conforto
Embora o luxo discreto seja, muitas vezes, comparado com o minimalismo, ele não é rígido. Ao contrário, busca equilíbrio entre a simplicidade e o conforto. “Ao meu ver, o minimalismo é o que é limpo de excessos, sem deixar de ser absolutamente significativo em sua composição. Não é preciso misturar tudo para expressar o que se quer sentir, mas é preciso saber o que tirar para que se tenha funcionalidade”, completa o especialista.
6. Sustentabilidade
O luxo discreto defende o uso de materiais sustentáveis e práticas de design eco-friendly. Ou seja, zela também pela elegância por meio da consciência e responsabilidade.
7. Marcas
O foco da tendência aqui é evitar a exibição de logomarcas e a ostentação. Ao mesmo tempo, destacar a história e a qualidade das peças e materiais escolhidos para os espaços, os quais são, geralmente, de designers renomados pela trajetória e trabalho sofisticado. Adriano afirma que, “se todos caminharem para uma direção, o luxo seguirá ao contrário, mostrando outra opinião, que nunca deveria ter sido deixada de lado”.
Quem são os principais adeptos do luxo discreto no design de interiores?
Para Adriano, são pessoas autoconfiantes, seguras de si, inteligentes e curiosas a ponto de sempre buscarem significados.
“São também pessoas que viajam muito, tendo muitas referências em várias áreas que formam sua alta cultura, como gastronomia, arquitetura, comportamento e literatura.”
Isso porque, pessoas adeptas do “quiet”, certamente são discretas, sem exageros, não precisam de aprovação social e geralmente têm ideias próprias. “Como dizem em uma linguagem mais comercial, não são pessoas com dinheiro novo, ganho recentemente pelo trabalho. Mas pessoas com dinheiro antigo, ganho por meio do trabalho da família e que hoje sabem onde investir seu capital, que está inteiramente ligado ao que tem significado”, brinca.
Dicas do especialista
De acordo com Adriano Tadeu, para trabalhar com o luxo discreto, é fundamental conhecer a cultura e as histórias que envolvem os materiais e as peças que estarão presentes no projeto.
Também, sobre o impacto que essas matérias-primas causarão na produção do design, incluindo impactos ambientais.
“A consciência total e os porquês dos usos fazem parte de um projeto ligado ao ‘quiet luxury’, que está diretamente conectado ao cliente antenado, discreto, culto e curioso.”
Para o colaborador da ForMóbile Digital, é preciso que todo designer lembre que o cliente do luxo discreto dá valor ao que é natural e atemporal. Ele sempre esteve conectado a lugares que há anos são da mesma forma. E considera que este é, justamente, o valor dos espaços, pois foram construídos para durar e não para o momento, uma tendência.
“O que gostaria de acrescentar nessa parte é uma visão do ‘quiet luxury’ brasileiro, que por mais silencioso que seja, tem que ser plural, pois a nossa formação cultural é rica em detalhes de diferentes lugares e povos que aqui formam as nossas histórias”, finaliza.
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