A economia circular é um conceito que surgiu em 1989, na Inglaterra, através da publicação de um artigo assinado por David Pearce e Kerry Turner, economistas e ambientalistas britânicos.

Ela consiste em um modelo de produção e consumo que visa conciliar o desenvolvimento socioeconômico com o uso responsável dos recursos naturais. 

Esse tema passou a ganhar ainda mais relevância depois que, em 2024, a Ellen MacArthur Foundation deu início a um movimento internacional de divulgação de ideias e projetos orientados pelo sistema circular. A fundação defende que apenas se os materiais nunca se tornarem resíduos a natureza poderá ser regenerada.

Ou seja, em uma economia circular, todos os produtos são mantidos em circulação por meio de processos como manutenção, reutilização, reforma, remanufatura, reciclagem e compostagem. 

Esse sistema auxilia a amenizar as mudanças climáticas e outros desafios globais, ajudando a diminuir a perda da biodiversidade e reduzindo a poluição, além de ser uma forma de desvincular as atividades econômicas do consumo de recursos finitos.

De acordo com a Ellen MacArthur Foundation, na nossa economia atual, pegamos materiais da Terra, fazemos produtos a partir deles e, eventualmente, os jogamos fora como lixo. Já em uma economia circular, paramos de produzir lixo e seguimos encontrando novos usos para os produtos. 

“Precisamos transformar cada elemento do nosso sistema de pegar-fazer-descartar, começando pela forma como gerenciamos recursos e seguindo para como fazemos e usamos os produtos”, explica o porta-voz da fundação. “Também precisamos olhar para o que fazemos com os materiais depois. Afinal, só assim podemos criar uma economia circular próspera e que possa beneficiar a todos dentro dos limites do nosso planeta”, continua.

Adesão à economia circular

Impulsionadas pela campanha da fundação, grandes empresas multinacionais decidiram adotar esse sistema, tornando-se exemplo para as demais companhias. Entre os nomes mais conhecidos estão a Ikea, a Coca-cola, a Apple e a Nespresso.

No caso da moveleira, a marca foi a primeira do setor a adotar o sistema circular e, dentre suas principais práticas, estão o incentivo a compra de móveis usados de clientes para revenda ou reciclagem e a criação de projetos com materiais reciclados, como plásticos PET e madeira reaproveitada.

Com isso, a Ikea tem a meta de se tornar totalmente circular até 2030.

Já quando olhamos para as empresas brasileiras, uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 85% das indústrias nacionais adotam pelo menos uma prática de economia circular.

E, dentre as práticas adotadas se destacam a criação de programas de sustentabilidade, a melhoria da efetividade com ganhos ambientais, a criação de produtos que podem ser recuperados e a substituição de materiais virgens por itens reciclados.

Mas, afinal, como aplicar a economia circular no setor moveleiro?

A economia circular pode ser aplicada na indústria de móveis de diversas maneiras, promovendo a sustentabilidade, a eficiência de recursos e a redução de resíduos.

Dentre algumas das possibilidades estão:

  1. Desenvolvimento de designs de móveis circulares: esse tipo de design consiste em móveis que sejam duráveis e facilmente desmontáveis, permitindo reparos e atualizações em vez de substituição;
  2. Aproveitamento de resíduos: utilizar resíduos de outras indústrias, como sobras de madeira, tecidos reciclados ou plásticos reaproveitados é uma forma de tornar as indústrias mais sustentáveis;
  3. Upcycling: transformar móveis antigos ou materiais descartados em novos produtos com maior valor agregado;
  4. Otimização de recursos: reduzir o desperdício de matéria-prima no processo de fabricação de móveis, utilizando tecnologias como corte a laser e impressão 3D;
  5. Energia renovável: adotar fontes de energia renovável nas fábricas, como a energia solar ou a eólica;
  6. Aluguel de móveis:  uma ideia inovadora é a de oferecer móveis como serviço. onde os clientes podem alugar ou trocar peças conforme suas necessidades mudam, tornando o setor mais circular;
  7. Extensão da vida útil dos móveis: as fábricas podem disponibilizar serviços de reparo e manutenção para prolongar a vida útil dos seus móveis. Além disso, também é possível recondicionar peças antigas e vendê-las como produtos semi-novos;
  8. Logística reversa: estabelecer sistemas para coleta de móveis usados, permitindo a reciclagem de materiais e a reintegração no ciclo produtivo.

Benefícios da economia circular

Após adotar essas práticas de economia circular, empresas de diferentes portes e diversas partes do mundo passaram a colher uma série de vantagens, tais como:

  • A valorização dos recursos naturais;
  • A redução de resíduos e do desperdício;
  • Economia de custos;
  • Diferencial competitivo e maior valor agregado à marca;
  • Fortalecimento da reputação;
  • Melhor relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros (fidelização);
  • Cumprimento de legislações (como a Política Nacional de Resíduos Sólidos);
  • Redução de riscos relacionados a escassez de recursos;
  • Incentivo à cultura da inovação.

Dessa forma, para os empresários que pretendem inovar em 2025, a economia circular é o caminho. Afinal, a prática, além de beneficiar o meio ambiente, tornará sua empresa ainda mais competitiva, garantindo uma melhor reputação no mercado.

Ainda sobre sustentabilidade, conheça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.