No dinâmico universo do design e da arquitetura, onde criatividade, estética e funcionalidade se entrelaçam, as soft skills têm se tornado competências tão essenciais quanto o domínio de ferramentas  técnicas.

Em um mercado cada vez mais colaborativo, multidisciplinar e orientado à experiência do usuário, habilidades como comunicação eficaz, empatia, pensamento crítico e gestão do tempo fazem a diferença na condução de projetos bem-sucedidos.

Soft skills: quais habilidades desenvolver?

De acordo com Rafaela Furlan, especialista em upskilling e reskilling, apesar da tecnologia estar avançando muito rápido em vários segmentos, ela ainda não consegue substituir o toque humano em aspectos essenciais. “Um arquiteto que consegue entender profundamente o estilo de vida do cliente ou um designer que sabe ouvir com atenção as dores de uma equipe de marketing são profissionais valiosos”, pontua.

Ainda segundo ela, dentre as habilidades mais importantes que arquitetos e designers devem potencializar, estão:

  1. Empatia combinada com pensamento crítico: quando um arquiteto projeta um apartamento para uma família com idosos, por exemplo, ele precisa ir além, entender a necessidade e transformar da melhor forma o projeto em uma solução, considerando acessibilidade, conforto e segurança, além do visual.
  2. Comunicação clara: imagine um designer explicando uma proposta visual para um cliente que não tem conhecimento técnico. Se ele não souber traduzir o conceito com palavras simples, pode perder a confiança e prejudicar o relacionamento, outro ponto extremamente importante na relação entre o artista e o consumidor.
  3. Criatividade além da estética: é preciso pensar em soluções para orçamentos curtos, prazos apertados ou espaços pequenos.

“Para desenvolver tais habilidades, a receita para qualquer profissional de qualquer área é a combinação de conceitos e teorias constantemente atualizados, com muita experimentação, escuta ativa, vivência e reflexão para trazer a sua marca, seu valor agregado e a sua originalidade”, explica Rafaela, enfatizando que só assim as soft skills conseguem ser lapidadas para cada um e evoluir com as mudanças ao redor.

Ainda de acordo com ela, no caso de empresas que querem ajudar seus colaboradores a potencializar essas habilidades um bom começo é promover interações e reuniões de briefing com equipes com múltiplas perspectivas como marketing, engenharia, produto e comercial, isso ajuda no compartilhamento de ideias, na mudança de perspectivas e no desenvolvimento de projetos inovadores. 

“Além de participar dessas interações, também é importante que arquitetos e designers sempre peçam feedbacks a clientes e colegas. Dessa forma, é possível ativar habilidades como mentalidade de crescimento para enxergar oportunidades de melhoria por trás de uma crítica e inteligência emocional para não levar para o pessoal e agregar ao profissional”, orienta.

“Essas são atitudes chave para quem quer se destacar.”

Outra dica da especialista para potencializar soft skills é que os profissionais se desafiem participando de projetos com recursos limitados, como por exemplo fazer voluntariado em ONGs. “Essa é uma ótima forma de crescer pois força o desenvolvimento do pensamento crítico e da criatividade em outro nível, fora da nossa zona de controle e previsibilidade”, pontua. “Os desconfortos sempre nos desenvolvem de formas diferentes e comprovadamente nos fortalecem para superar cenários mais desafiadores”.

Por fim, a especialista conclui que a melhor forma de fomentar a criatividade em ambientes corporativos é promovendo escuta ativa, empatia e questionamento construtivo.

“Essas características podem ser desenvolvidas através da prática constante e são soft skills essenciais para absorver as visões de cada área, identificar conflitos ou oportunidades, e usar esse conhecimento para propor soluções viáveis, criativas e alinhadas com todos os objetivos”, destaca a especialista. “Soft skills não são um bônus — são a base. E enquanto muitos ainda as veem como algo secundário, os profissionais que sabem escutar, sentir e se adaptar já estão um passo à frente, moldando o futuro com mais criatividade e sentido”, finaliza.