No dia 1º de outubro, durante o 12º Congresso Nacional Moveleiro, realizado pela ABIMÓVEL em parceria com a FIEP, a palestra “Os impactos da transformação digital no varejo e na indústria” reuniu duas grandes referências do setor no mesmo palco: Luiza Trajano, presidente do conselho da Magazine Luiza, e Esther Schattan, sócia fundadora da Ornare. A mediação ficou por conta de Marcele Poiani, fundadora da MPoiani.
Varejo no setor moveleiro
Para começar, Luiza Trajano destacou que a relação do consumidor com produtos e serviços mudou profundamente nos últimos anos, especialmente após a pandemia de 2020. “Antes, preço e qualidade eram os pontos mais importantes para o fechamento de uma venda, mas, hoje, tão importante quanto eles é o prazo de entrega”, afirmou.
Nesse novo cenário, ela destacou que a forma da Magazine Luiza se adaptar a essa transformação foi deixando de ser apenas uma rede de lojas físicas e tornando-se um super app que integra o físico ao digital. “Possuímos serviços como o ‘Clica e Retira’, mas ao mesmo tempo não abrimos mão da experiência das lojas físicas”, enfatiza.
Para ilustrar essa integração, Luiza contou que a mais recente novidade da rede é a criação de uma galeria física em São Paulo, que funcionará de forma híbrida: durante o dia, influenciadores produzirão conteúdos digitais, e à noite o espaço será destinado a apresentações teatrais.
“Será um espaço onde o futuro se encontra com o passado, pensado para as pessoas se conectarem de forma leve”, explicou, adiantando que o novo espaço será inaugurado ainda esse ano.
“Com a ascensão da internet, especialmente durante e depois da pandemia, as pessoas estão sentindo falta do olho no olho e estão começando a buscar por isso novamente”, pontuou a presidente da Magalu, reforçando que todos estão saturados de passar o dia inteiro olhando para telas. “O ponto é que as pessoas querem se encontrar, mas querem que seja de forma leve e prazerosa, e é justamente isso que queremos oferecer através da galeria”.
Personalização e mais transformações
Luiza também adiantou que dentro do novo espaço a Magalu irá reúnir grandes marcas. A Estante Virtual, que estará presente de forma física pela primeira vez em sua história, a Netshoes, a Kabum e a Época Cosméticos.
“Esse nosso movimento é uma forma de enfatizar que não só não acreditamos no fim das lojas físicas como seguimos investindo em espaços como esse”, destacou Luiza.
Ainda de acordo com ela, outra tendência do momento em que a Magalu já investe há algum tempo e pretende continuar investindo é na humanização da marca. “Nossa humanização começou com o nascimento da Lu, que desenvolvemos inicialmente só para humanizar nosso site, mas que acabou ganhando uma proporção tão grande que hoje é citada mais que a Barbie em termos de influência digital”, afirma.
“Agora a ideia é focar os esforços da nossa equipe de inteligência artificial para transformar a Lu em uma consultora personalizada, utilizando a tecnologia para oferecer recomendações individuais a cada cliente”, continua Luiza, destacando que essa será a estratégia da marca para seguir outra tendência que está cada vez mais forte no mercado: a personalização.
Esther Schattan, por sua vez, trouxe a perspectiva do design e da indústria moveleira a partir da trajetória da Ornare. “Para nós, as tendências atuais passam por velocidade, praticidade e conforto”.
Ainda segundo ela, compreender esses fatores é essencial para atender às novas demandas dos consumidores que estão cada vez mais conectados e exigentes.
A executiva também ressaltou que a transformação digital vai muito além da tecnologia. “Transformar digitalmente é adotar uma nova mentalidade: usar dados, processos e canais integrados para criar valor e gerar impacto real”, explicou.
De acordo com ela, mais do que tecnologia, a transformação digital é sobre cultura e mentalidade, colocando as pessoas no centro da mudança.
Por fim, a executiva enfatizou que os quatro pilares fundamentais da transformação digital são a integração de processos, canais e dados; o redesenho de negócios e experiências; o foco no consumidor mais digital e exigente; e a personalização como diferencial competitivo.
A partir dessas ideias, ela acredita que a jornada do cliente precisa ser omnichannel, e o relacionamento deve acontecer em tempo real, garantindo que a experiência seja única e conecte físico com digital.