Durante o 12º Congresso Nacional Moveleiro, realizado em Curitiba nos dias 1 e 2 de outubro, o sócio-diretor da Inteligência de Mercado (IEMI), Marcelo Prado, apresentou a palestra “Transformando Dados e Informações em Estratégia Competitiva”, trazendo uma análise detalhada sobre o comportamento do consumo e as perspectivas de crescimento para a indústria e o varejo de móveis e colchões no Brasil.
Cenário de consumo e transformações demográficas
Em sua apresentação, Prado destacou que o mercado moveleiro brasileiro passou por grandes transformações nas últimas duas décadas. Nesse período, houve um aumento de mais de 75% nos gastos das famílias e de 50% no consumo de móveis e colchões, acompanhado por uma significativa diversificação do consumo.
O especialista observou também um processo de envelhecimento da população brasileira, com a idade média passando de 29 para 36 anos, além da redução no número de filhos por mulher, de 2 para 1,6, e do ritmo de crescimento demográfico, que caiu de 1,9% para 0,4%.
Ou seja, segundo ele, as famílias ficaram menores, com média de 2,7 moradores por domicílio, e o número de lares saltou de 60 para 78 milhões. Essas mudanças, de acordo com Prado, geraram um novo perfil de consumo no país e impulsionaram a demanda potencial por mobiliário, também estimulada pela expansão do turismo e pelo aumento de gastos com segundas residências.
Panorama do setor moveleiro
Ainda de acordo com dados do IEMI, a produção local de móveis e colchões alcançou R$ 91,6 bilhões em 2024, um avanço de 12,1% em relação a 2023, com 22,3 mil unidades produtivas e 282,7 mil pessoas ocupadas no setor. No varejo, o consumo (sell out) somou R$ 127,7 bilhões, crescendo 10,6% sobre o ano anterior.
As lojas independentes especializadas seguem como o principal canal de venda, representando 44,4% do volume e 43% do valor total comercializado. Já as lojas de departamento aparecem em seguida (26,9% das peças vendidas), enquanto as redes de lojas especializadas concentram 19,6% do valor das vendas.
Novos canais de vendas e comportamento regional
Prado também pontuou que entre 2019 e 2024, os canais de varejo físico mantiveram desempenho positivo, com exceção das lojas de móveis planejados (-5,8%) e dos home centers (-0,6%).
Já o e-commerce registrou crescimento expressivo de 240,4%, consolidando-se como um dos principais vetores de expansão do mercado no período pós-pandemia.
Regionalmente, o consumo de móveis e colchões cresceu em todos os estados, com destaque para Paraíba (11,2%), Santa Catarina (8,7%), Goiás e Rondônia (7,2%), Ceará (7,0%) e Paraná (6,7%). Somando uma média nacional de crescimento de 5,8%.
Projeções para o fechamento de 2025
Considerando todas essas informações, o especialista afirmou que as projeções do IEMI para este ano indicam que o varejo de móveis deve apresentar uma redução de 2,5% no número de peças vendidas, mas um aumento de 1,8% no faturamento em reais, além da expansão no número de PDVs ativos.
Ainda segundo ele, a produção moveleira deve crescer 2,6% em volume e 5,8% em faturamento, embora com queda de 1,9% nas exportações em dólares.
Nesse cenário, Prado destacou que “estar entre as marcas que crescem mais no setor dependerá diretamente das ações que cada empresa decidir tomar”.
Estratégias competitivas
Segundo o porta-voz do IEMI, para crescer acima da média do mercado nos próximos meses, as empresas precisarão ampliar a demanda existente e criar novas oportunidades de consumo. Ele também defendeu que as marcas devem investir em novos produtos e serviços, apostar em diferentes segmentos de consumidores, aumentar seus canais de distribuição e diversificar suas formas de comercialização.
“O Brasil é um país enorme e heterogêneo, onde cada nicho pode apresentar desempenhos muito diferentes. Para crescer, é preciso mapear o mercado e concentrar esforços onde a demanda potencial oferece as melhores oportunidades para a expansão da marca.”
O executivo destacou ainda que as estratégias devem ser direcionadas conforme o foco de atuação:
- Consumidores com poder de compra: foco e posicionamento;
- Categorias de produtos mais desejadas: inovação, diferenciação e criação de valor;
- Polos regionais em expansão: cobertura mercadológica e presença da marca;
- Marcas que desejam ser encontradas: investimento em canais e serviços;
- Marcas que desejam ser lembradas: investimento em comunicação e reputação.
Por fim, Marcelo Prado observou que, nos últimos anos, o mobiliário perdeu participação nos gastos das famílias brasileiras, em meio à concorrência com outros bens de consumo. Apesar disso, o potencial do mercado continua em expansão, impulsionado por mudanças no perfil do consumidor.
“Os consumidores têm mais renda, mas são mais velhos e têm menos filhos. O número de domicílios e os gastos com segunda casa cresceram, o que favorece a demanda por móveis”, afirmou.
Entre as linhas de maior demanda, ele destacou salas de estar, colchões e móveis de escritório, enquanto cozinhas e dormitórios perderam relevância.
Prado também ressaltou que sustentabilidade e responsabilidade social já são diferenciais competitivos e em breve se tornarão obrigatórios para as marcas do setor.
“O potencial de consumo no Brasil hoje é muito maior do que há 20 anos. Cabe às empresas criar suas próprias estratégias para crescer mais do que o mercado”, concluiu.
Radar de Tendências e Tecnologias da Indústria Moveleira
Para os empresários que desejam inovar diante do cenário apresentado por Marcelo Prado, os palestrantes Sidarta de Lima e Laila Seleme, do Observatório Sistema FIEP, apresentaram uma ferramenta que promete ditar as melhores tendências para o setor: o Radar de Tendências e Tecnologias da Indústria Moveleira.
Ele consiste em uma plataforma interativa que mapeia tendências e tecnologias com potencial de impacto na indústria moveleira até 2040. Os temas estão organizados em dimensões temáticas e associados a horizontes temporais de 5, 10 e 15 anos, indicando quando cada tendência ou tecnologia deve ganhar força no mercado.
Além disso, cada item é acompanhado por evidências práticas, como cases, notícias e estudos, que ajudam profissionais e empresas a identificar oportunidades, inspirar soluções e orientar estratégias para o setor.
Segundo Sidarta, a ferramenta pode ser um importante apoio para a formulação de estratégias competitivas, permitindo que empresas do setor moveleiro conheçam tendências emergentes e antecipem movimentos de inovação e posicionamento de marca.
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