No segundo dia do 12º Congresso Nacional Moveleiro, a palestra “Reforma Tributária: impactos sobre a cadeia produtiva da indústria moveleira” reuniu os especialistas em tributação Victor Hugo Rocha, representante jurídico, Alberto Carbonar, advogado tributarista, e Alexandre Tortato, consultor tributário da Fiep.

O encontro trouxe análises detalhadas sobre as mudanças previstas na reforma tributária do consumo e seus efeitos para o setor moveleiro. 

Entendendo a reforma tributária

Para começar, é preciso entender que o objetivo da nova reforma é simplificar o sistema fiscal brasileiro, unificando impostos como PIS, COFINS, ICMS e ISS em um imposto único sobre bens e serviços (IBS/CBS).

Com isso, busca-se reduzir a cumulatividade, aumentar a competitividade da produção nacional, modernizar a cobrança de tributos e tornar mais claros os créditos e os incentivos fiscais.

Tal transformação promete impactar desde o planejamento financeiro até a logística e as estratégias das indústrias moveleiras.

Nesse cenário, Alberto Carbonar explicou que uma das principais oportunidades da reforma está na “não cumulatividade plena”, que desonera a produção e permite créditos mais amplos sobre aquisições de bens e serviços, incluindo matérias-primas, energia, fretes, serviços e bens de capital. “A reforma elimina o imposto em cascata, tornando a produção de móveis mais eficiente e competitiva”, destacou.

No entanto, ainda segundo ele, além das vantagens, as empresas também irão enfrentar desafios. “É importante considerar que o crédito só será gerado após o pagamento do imposto pelo fornecedor e a indústria, intensiva em mão de obra, não terá crédito sobre a folha de pagamento, o que pode manter ou elevar o custo do trabalho”, enfatiza.

“Outro ponto relevante é a tributação no destino, que exige que o IBS seja recolhido no estado ou município onde o produto é entregue”, continua o especialista, acrescentando que essa mudança simplifica transações interestaduais e elimina barreiras fiscais, mas demanda adaptação dos sistemas e atenção às alíquotas de cada região.

Victor Rocha, por sua vez, reforçou que a reforma não é apenas uma mudança de tributos, mas uma transformação na forma de fazer negócios no Brasil. Ele destacou que o fim de tributos “esquizofrênicos”, como ICMS cumulativo, DIFAL e benefícios fiscais regionais, vai remodelar o e-commerce e aumentar a concorrência com base na eficiência.

Ainda segundo ele, empresas preparadas poderão aproveitar as novas oportunidades de crédito, reavaliar custos e otimizar estratégias logísticas, enquanto empresas despreparadas podem enfrentar carga tributária maior e perda de competitividade.

Impactos diretos na Indústria Moveleira

Em sua fala, Alberto Carbonar trouxe pontos essenciais sobre o impacto da reforma tributária para a indústria moveleira. Ele explicou que as alíquotas padrão do IBS/CBS devem ficar entre 26,5% e 28%, mas que haverá uma redução de 60% para produtos florestais in natura, como madeira, incentivando a formalização e a competitividade da cadeia produtiva.

Outro ponto relevante citado por ele é o crédito integral e imediato para aquisição de bens de capital, que estimula a modernização e a automação das fábricas, promovendo maior produtividade e qualidade nos móveis produzidos. 

Além disso, o especialista também destacou que as exportações de móveis serão imunes ao IBS/CBS, garantindo que as empresas mantenham competitividade no mercado externo e preservem os créditos das etapas anteriores.

Outra observação de Alberto foi em relação à extinção gradual do IPI, que deve simplificar a tributação e contribuir para a redução de custos operacionais e administrativos.

Por fim, os especialistas enfatizaram que o período de transição da reforma ocorrerá entre 2026 e 2033 (podendo ser antecipado). E, nesse meio tempo, as empresas precisarão operar simultaneamente com o sistema tributário antigo e o novo, exigindo atenção especial ao planejamento financeiro, investimentos em tecnologia, atualização de sistemas ERP e capacitação das equipes para lidar com as novas regras.

“A reforma tributária representa uma oportunidade estratégica para a indústria moveleira, oferecendo potencial significativo de redução de custos e aumento de competitividade”, pontuou Victor Rocha. “Quem se preparar de forma inteligente terá vantagens competitivas; quem não se adaptar, sentirá o impacto no fluxo de caixa e na eficiência operacional”

Sua empresa está preparada para o novo momento da reforma tributária? Aproveite para conhecer o último panorama do setor moveleiro.