A valorização do dólar em 2025 apresenta desafios e oportunidades distintas para importadores e exportadores do setor moveleiro.
O ano começou com a moeda americana valendo 5,77 reais e com a perspectiva de chegar a 6,00 até o final de 2025. Esse é o maior valor registrado desde a crise eleitoral de 2002 quando o dólar chegou a 8,22 reais.
Importações e exportações
Nesse ponto, é importante compreender que a alta da moeda americana influencia de diferentes formas cada parte da cadeia moveleira. Enquanto, por um lado, dificulta a importação de insumos e matérias-primas para a confecção de móveis, por outro, faz com que o Brasil ganhe vantagem nas exportações.
Esse cenário otimista em relação ao comércio exterior começou a dar sinais em 2024, quando houve um aumento de 1,4% nas exportações brasileiras de móveis e colchões. Só no último ano as vendas internacionais do setor somaram US$613,6 milhões.
Além disso, 2025 começou com uma perspectiva ainda mais otimista, com uma projeção de crescimento de cerca de 2,5%.
Nesse cenário, os Estados Unidos entra como um dos protagonistas desses números, afinal, o país é o maior destino no exterior dos produtos fabricados pela indústria moveleira nacional, recebendo pelo menos 35% do total exportado atualmente. E a tendência apontada pelo IEMI é que entre 2025 e 2030 haja um crescimento adicional superior a 18% nas negociações entre os dois países.
Outro fator que promete potencializar essa perspectiva positiva em relação às exportações é a renovação do projeto Brazilian Furniture. Resultado de uma parceria entre a Apex e a ABIMÓVEL, ele tem contribuído para a promoção do setor moveleiro nacional no exterior.
Só entre 2023 e 2024, o projeto somou US$55.223.185,00 de negócios imediatos gerados e 367.169.440,00 em negócios pelos 12 meses através de suas ações.
Oportunidades e desafios da alta do dólar
Mas é claro que a estrela maior quando o assunto é exportação é o preço do dólar. Que, por um lado, quanto mais valorizado ele está, mais favorecidos estão os negócios exteriores. No entanto, essa alta traz também um grande desafio: o aumento no preço dos insumos importados.
Para os exportadores, o cenário é positivo, afinal, com a moeda americana quase chegando aos 6,00 reais é possível melhorar a receita de suas empresas e aumentar a competitividade dos móveis comercializados no mercado exterior. Porém, é preciso ter cautela. Isso porque, com o dólar mais caro, o preço dos produtos importados também sobe.
Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que 62% das indústrias no Brasil dependem de insumos importados.
Nesse aspecto, a valorização da moeda dos EUA torna os insumos industriais de lá cada vez mais caros e, consequentemente, isso afeta o valor dos bens de consumo finais no Brasil.
Além disso, como a maioria das indústrias brasileiras de móveis e colchões depende de componentes estrangeiros, o varejo nacional acaba apresentando grandes alterações no valor de seus produtos.
Nesse cenário, é preciso saber utilizar a valorização do dólar a favor da sua empresa, contornando as ameaças e abraçando as oportunidades desse novo momento.
Para isso, é preciso entender que 2025 será um ano de focar mais nas exportações dos produtos finais do que na importação de insumos. Portanto, se a sua empresa está pensando em iniciar um projeto de vendas para o exterior, a hora é agora.
Mas, para que essa conta de menos insumos com mais exportações feche, será necessário pensar em opções de substituição das matérias-primas importadas dos Estados Unidos por insumos existentes no Brasil ou em outros países que possam oferecê-los por um valor mais adequado.
Também é possível equilibrar essa balança vendendo mais fora do que dentro do país ao longo do ano. Dessa forma, será possível aumentar os lucros da empresa exportando móveis com uma maior margem de lucro, sem perder a clientela nacional devido ao valor final dos produtos desenvolvidos com insumos importados.