Há alguns anos, o tema ambiental se tornou presente em reuniões de empresas de todos os mercados. Na construção civil, isso gerou um aumento por soluções que tornassem as obras menos poluentes, como a chamada “bioconstrução”.

À primeira vista, esse assunto pode soar negativo, pois propõe uma mudança em processos de construção que já estão consolidados no dia a dia dos profissionais, como o uso de concreto e madeira na construção.

No entanto, a indústria tem lançado soluções cada vez mais eficientes para resolver os problemas ambientais gerados pela construção civil. Em muitos casos, a tecnologia diminui drasticamente o custo da obra e o tempo necessário para finalizá-la.

Continue acompanhando para entender o que é bioconstrução e como a madeira se insere nessa demanda.

Bioconstrução: exemplos que já fazem parte do setor

É comum que algumas pessoas pensem que quando se fala de meio ambiente se está falando do futuro, quando todos os processos mudarão de uma hora para outra.

A verdade é que os processos de construção já estão mudando e algumas soluções relacionadas à bioconstrução ganham espaço no mercado a cada dia.

Tijolos ecológicos

Existe uma variedade de modelos de tijolos ecológicos no mercado. Os modelos mais populares são aqueles que reaproveitam resíduos na fabricação dos materiais.

Restos de tijolos, cimento e outros produtos que seriam destinados às caçambas se tornam matéria-prima para novos tijolos. Nesse caso, há dupla redução do impacto ambiental, já que novos tijolos não precisarão ser fabricados e haverá um destino adequado aos resíduos das obras.

Tijolo de solo-cimento

Um outro exemplo de tijolo que pode ser usado em projetos focados em bioconstrução é o tijolo de solo-cimento. Nessa técnica, o tijolo é feito usando 10 partes de terra para uma de cimento.

A mistura é prensada, sendo que a prensagem pode ser feita usando ferramentas manuais. Depois, ele é seco sob o sol. Essa proposta gera um tijolo que tem menor impacto ambiental em sua produção, além de produzir menos resíduos.

Uso de bambu

O bambu é um dos materiais mais populares em projetos de bioconstrução. Já aprovada para a fabricação de móveis, a planta é extremamente resistente e pode ser usada na estrutura de imóveis. Para isso, é ideal que o bambu seja colhido já com alguns anos de vida.  

Nesse ponto, o plantio de bambu teria a capacidade de reduzir o impacto das construções na emissão de CO2, já que a planta consome esse gás durante a sua fotossíntese. Alguns estudos sugerem que o bambu consome mais CO2 do que as outras plantas usadas na indústria.

Todavia, não é só essa característica que faz do bambu um aliado na bioconstrução: essa planta pode reduzir o consumo de madeira nos projetos imobiliários.

Usando bambu, é possível montar as estruturas de uma casa de forma completa. A planta tem um desenvolvimento mais rápido do que muitas madeiras de reflorestamento, como o pinus, crescendo até um metro por ano.

Isso tornaria as florestas de bambu mais eficientes para a construção civil do que as florestas de pinus.

Além disso, o bambu é uma espécie nativa do Brasil. Isso faz com que o seu plantio não impacte negativamente os biomas já ameaçados, como a Mata Atlântica.

No entanto, o manejo das florestas de bambu deve ser feito com acompanhamento técnico, evitando que essa planta se torne uma praga em alguns biomas, como em florestas de araucárias.

Cordwood

Um outro exemplo de bom uso de madeira na construção é a técnica cordwood. Trata-se de uma técnica antiga, surgida nos EUA durante a “Grande Depressão”. Nela, as paredes são construídas com partes de tocos de madeira, ligados por meio de uma massa feita de cal, cimento e serragem.  

Trata-se de uma técnica interessante, pois aproveita uma madeira que seria descartada em outros processos de produção. Além disso, por não usar madeira em forma de tábuas, o consumo é menor e as paredes são mais maciças.

Bioconstrução exige novas técnicas

Usar novos recursos nas construções pede que os profissionais aprendam novas técnicas. No caso do uso do bambu, as técnicas construtivas se assemelham àquelas usadas antigamente, em que os recursos de alvenaria eram mais limitados.

Aliás, as chamadas casas de “pau-a-pique” são exemplos de técnicas que têm um impacto ambiental muito baixo.

É claro que esse modo de construir deve ser adaptado aos tempos atuais, mas é interessante que os profissionais de arquitetura não ignorem saberes culturais que já apontavam para um uso inteligente de recursos naturais.

Telhados verdes, jardins verticais, sistemas de coleta de água da chuva, painéis solares e outras opções de uso de recursos limitados, como energia e espaços disponíveis, já fazem parte dos projetos de muitas construtoras e planos de arquitetura.

Isso indica que o uso de novos materiais e técnicas de bioconstrução já não soam estranhos aos profissionais.

Um estudo publicado pela Kantar mostra que 62% dos consumidores latino-americanos se preocupam com o meio-ambiente na hora de consumir. Assim, projetos de bioconstrução podem se destacar no mercado, atraindo consumidores que estão cada vez mais atentos.

A bioconstrução pode ser uma aliada na busca pelas metas de ESG. Entenda mais lendo nosso artigo sobre o tema.