A ForMóbile Digital conversou com Eduardo Stehling, Biólogo, Diretor e Consultor da Fuste Woodtech, sobre manejo florestal e reflorestamento.

Fato é que muitos confundem ambos e classificam como sendo a mesma prática. Porém, conforme o nosso especialista, não são.

Manejo florestal e reflorestamento são práticas diferentes

Segundo Eduardo, reflorestamento é a atividade de plantio de mudas florestais de uma ou mais espécies em uma área que antigamente foi uma floresta.

Por sua vez, o manejo florestal representa um conjunto de boas práticas e atividades de gestão e administração realizadas em florestas plantadas ou em áreas naturais. Neste caso, o objetivo é produtividade, otimização, sustentabilidade, viabilidade econômica e qualidade dos produtos florestais (madeireiros ou não madeireiros).

“Cada modalidade de floresta ou espécie plantada pode exigir um manejo específico, o que torna esse termo ‘manejo florestal’ bem diversificado e amplo dentro da produção florestal”, explica.

Ou seja, o manejo florestal é como uma bússola que norteia as atividades dentro do reflorestamento.

Como acontece o manejo florestal em reflorestamento?

De acordo com o biólogo, o manejo florestal em reflorestamento pode ocorrer em diversos momentos. A prática compreende desde os cuidados com o preparo do solo, plantio, adubações e irrigações até o controle de matocompetição, pragas e doenças, desrama ou poda, desbastes e combate ao fogo. Envolve também o preparo da colheita florestal, talhadinha ou erradicação da cultura dentro de uma área.

“No entanto, as atividades mais comuns são: controle de matocompetição (espécies vegetais de pequeno porte que competem com as mudas em desenvolvimento), desrama ou poda, que podem, inclusive, visar a produção da madeira clear”, detalha Eduardo.

Manejo florestal sustentável e a indústria moveleira: o que é mais viável?

O manejo sustentável envolve planejamento e coleta de informações sobre um povoamento florestal natural com diversas espécies de árvores.

É realizado um trabalho de exploração, conservação e restauração para a colheita seletiva de algumas árvores.

“É também considerada a minimização de impactos na respectiva área, seja em sua flora, fauna e populações de pessoas próximas.”

Ainda de acordo com Eduardo, o conceito é muito utilizado em reservas legais de extração, concessões de colheita em biomas naturais, entre outras situações, cujo abate de árvores nativas é regulamentado e legalmente autorizado pelos órgãos competentes.

“Neste tipo de manejo são realizados estudos de levantamento de flora, fauna, impacto para fundamentar a extração de espécimes vegetais da área, além do envolvimento da comunidade local em caráter de sustentabilidade”. Ao final do processo de extração, visa-se a restauração da área para permitir exploração futura.

Com relação ao que é mais viável e sustentável para a indústria moveleira, o especialista alerta que diversos fatores intrínsecos da sociedade e mercado envolvem a questão.

“Tudo isso engloba aspectos culturais, históricos, políticos, de consumo e econômicos, por exemplo.”

Eduardo ressalta que, por um lado, temos um mercado estabelecido para a exploração florestal da madeira nativa baseada no bioma amazônico. Porém, ele é consequência histórica da exaustão da colheita nos outros estados e da extinção genética e econômica das espécies de árvores presentes nos demais biomas e seus ecossistemas, principalmente, na mata atlântica e no cerrado.

“A migração da colheita para o norte também teve relação direta com políticas públicas de ocupação da região amazônica e seu desenvolvimento”, completa.

Por outro lado, segundo Eduardo, temos o fomento e iniciativas privadas para a realização e utilização de reflorestamentos com espécies exóticas de desenvolvimento precoce, para suprir o mercado com celulose, energia (lenha e cavaco), madeira serrada, paineis e produtos não madeireiros, como óleos e resinas.

“Nesse modelo, a utilização de grandes áreas ociosas para plantios em caráter de monocultura atende o mercado interno e externo, evitando a extração da madeira nativa, mas deixando alguns impactos ambientais da atividade.”

Qual é o melhor modelo de produção de madeira?

Para essa pergunta, Eduardo considera a viabilidade e a sustentabilidade nos aspectos culturais, históricos e econômicos. “As madeiras nativas e o modo de trabalhá-las está enraizado no setor moveleiro da madeira sólida, ainda com muita resistência ao uso de madeiras de reflorestamento devido à suas características imaturas e sua baixa variedade no mercado – basicamente, pinus, eucalipto e recentemente a teca”.

Para o diretor da Fuste Woodtech, a virada de chave no setor moveleiro realmente aconteceu com a ampliação da oferta e do aumento significativo da qualidade e variedade de paineis de madeira, como o OSB, o MDP,  mas principalmente o MDF.

“São diversas marcas, dimensões, cores, estampas, proteções contra fogo e umidade, etc”. Ele destaca que a padronização dos painéis permitiu uma redução significativa do desperdício de matéria-prima, trazendo rendimento ao uso dos painéis.

Economia

“As características dos painéis permitiram a simplificação da estrutura de processamento das marcenarias, reduzindo os investimentos no segmento. Todas essas características trouxeram grande eficiência e ganhos econômicos dentro da indústria moveleira, agilizando a produção dos móveis com menor preço final.”

Para finalizar, Eduardo explica que, atualmente, os painéis de MDF estão presentes em quase todas as residências do Brasil, mostrando que a redução do preço e o aumento da eficiência de trabalho e rendimento causaram uma mudança radical nos padrões de consumo nacionais dentro da movelaria.

“Quando esses fatores se aliam com a procedência da madeira de reflorestamento, fica clara a aptidão dos painéis de madeira e, consequentemente, a sua viabilidade e sustentabilidade presentes no uso em relação à utilização das madeiras nativas”, finaliza.

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