Quando o consumidor decide comprar um móvel, ele considera uma série de fatores. A ergonomia nem sempre é um deles — o que pode ser péssimo para quem trabalha em regime home office.
Um estudo publicado em 2017 pela IEMI mostrou que o preço e a qualidade são as características mais relevantes para o consumidor. Contudo, quando o móvel chega e passa a fazer parte da rotina da pessoa, ela vai se lembrar da importância da ergonomia nos móveis.
Dores causadas pelo uso prejudicarão não só a saúde do consumidor, mas a imagem do produto.
Isso porque o usuário vai entender que esse desconforto é causado pela má qualidade do móvel, ignorando que, talvez, ele tenha comprado a peça errada para o seu biotipo ou uso.
Ergonomia nos móveis vai além da necessidade de obedecer às Normas Regulamentadoras (NR) sobre o tema. Esse assunto está associado à saúde do cliente e a imagem do seu negócio.
Móveis para o ambiente de trabalho e o desafio do home office
Todo o mobiliário voltado às atividades de trabalho deve obedecer à NR17. Trata-se de um conjunto de regras que estabelece parâmetros aceitáveis em relação às atividades que serão desenvolvidas por um funcionário dentro de uma empresa.
Caso uma dessas normas não seja atendida, o empregador poderá ser responsabilizado por danos à saúde do funcionário. Por isso, se a sua empresa pretende atender o mercado de móveis corporativos, é fundamental que ela entenda todos os detalhes da NR17.
Todavia, a popularização do home office abre um novo desafio para a ergonomia: móveis residenciais que têm seu uso modificado para o trabalho. Em entrevista ao portal eMóbile, o fisioterapeuta do trabalho João Eduardo de Azevedo Vieira orienta os profissionais do setor de móveis a sempre questionarem o consumidor sobre a forma como ele pretende usar o móvel.
“Na hora de comprar um móvel para a casa, deve-se levar em consideração o conforto que o móvel traz. Contudo, sem esquecer a questão da postura na hora de usar essa peça”, explica.
Por exemplo: imagine que uma pessoa está encomendando uma cadeira simples à marcenaria.
Nesse caso, o cliente menciona que trabalha em casa e que passará muito tempo sentado. Aqui, vale a pena que o marceneiro explique para ele que aquela cadeira não é a indicada para esse tipo de atividade.
Ergonomia em móveis: como acertar?
Considerando que a ergonomia se torne um tema fundamental para a sua marcenaria, como aplicar esse conceito na produção de móveis? Bem, aqui vão algumas dicas!
Levante as necessidades do cliente
A marcenaria faz móveis sob medida. Isso significa que o cliente já espera um nível de personalização que ele não encontraria nas grandes varejistas, por exemplo.
Para que os móveis oferecidos sejam mais ergonômicos, o marceneiro precisará questionar o cliente sobre o uso do móvel e sobre características pessoais, como problemas de saúde, dores, postura etc.
Assim, a marcenaria poderá oferecer soluções ao cliente. Por exemplo: uma pessoa que está encomendando uma mesa para computador pode precisar de algum nível de ajuste, para evitar que os usuários precisem se curvar diante da tela.
Peça a consultoria de um fisioterapeuta
Pode ser interessante conversar com uma pessoa formada em Fisioterapia para que ela verifique como o corpo do usuário se comporta no móvel. Dessa forma, ajustes relacionados aos ângulos do mobiliário, à altura e aos materiais usados podem ser feitos.
Outra vantagem de contar com um suporte desse tipo de profissional é que ele entende a biomecânica do corpo humano, ou seja, a forma como o esqueleto, os músculos, os tendões etc. se comportam na realização dos movimentos.
Utilize materiais resistentes
Acidentes durante o uso do móvel podem ocorrer quando a montagem não é feita de forma correta. Por isso, utilize sempre a cola adequada para cada etapa da confecção do seu móvel.
Se considerar necessário, faça reforços para que o móvel suporte o peso do usuário. Uma queda de uma cadeira pode parecer algo sem importância, mas, dependendo da pessoa, ela pode gerar problemas sérios, como fraturas.
Oriente o cliente em relação ao uso da mobília
Pode parecer desnecessário, mas orientar as pessoas sobre o uso dos móveis pode ajudar a evitar dores durante a utilização, além de preservar os produtos.
Imagine que você criou uma pia para lavagem de louça. Você mediu a altura do móvel para que ele proporcione um movimento livre durante o uso. Contudo, o cliente lhe contou que pretende colocar vários objetos em cima da pia, para ganhar espaço na cozinha.
Nesse caso, o marceneiro poderia explicar que isso não é boa ideia, pois dificultará a lavagem de louças e pode causar problemas de saúde com o passar dos tempos. O design do móvel tem uma razão — e nem sempre as pessoas entendem isso.
Ainda que a ergonomia seja um tema voltado ao trabalho, os marceneiros precisam entender que a forma como as pessoas trabalham tem mudado. Ademais, os trabalhos domésticos também impactam nossa saúde, e isso precisa ser considerado na hora de comprar os móveis para cozinha, por exemplo.
É cada vez mais comum que as pessoas adaptem móveis residenciais para atividades de escritório — o que pode ser péssimo para a ergonomia.
Ao mesmo tempo, isso abre oportunidades para que as marcenarias criem peças multiuso ou adaptem seus projetos para novas demandas, ganhando mercado e a simpatia do cliente.
Sendo assim, a ergonomia nas marcenarias é uma oportunidade para fortalecer as marcas.
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E para continuar aprimorando sua marcenaria, saiba mais sobre as relações entre móveis multifuncionais e móveis planejados.