Foi-se o tempo em que cuidar da natureza era um objetivo restrito apenas a algumas pessoas, como os ambientalistas. As mudanças climáticas têm obrigado países a se comprometerem com medidas de proteção ambiental — e entre essas medidas está o uso de madeira certificada, por vezes conhecida como madeira sustentável.

As florestas de madeira sustentável têm como missão oferecer à indústria matéria-prima que não tenha agredido o meio-ambiente. Para a indústria moveleira e de construção civil, isso é importantíssimo, pois garante, por exemplo, acesso a novos mercados e até a linhas de financiamento específicas.

Por isso, acompanhe os próximos tópicos e entenda o que torna uma madeira sustentável e quem é que certifica essa madeira como uma matéria-prima ecologicamente correta.

O que é uma madeira sustentável?

A madeira sustentável é uma madeira que é ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa.

Ao ser ecologicamente correta, entende-se que as florestas de madeira certificada não irão ter impacto ambiental negativo, porque isso é possível. Imagine uma área de mata nativa que é desmatada para que ali seja plantada uma floresta de eucalipto para a indústria.

Devido ao dano causado nessa área, a nova floresta estaria longe de ser considerada ecologicamente correta, não é mesmo? Sendo assim, as florestas que darão origem à madeira sustentável são feitas após extensas análises e estudos ambientais, obedecendo a legislação vigente.

Atenção: florestas nativas também podem dar origem à madeira sustentável, desde que seu manejo seja feito de forma correta e autorizada.

Para ser economicamente viável, essa madeira deve ser capaz de, em sua cadeia de produção, atender de forma eficaz à indústria da qual faz parte. Isso faz com que algumas espécies de árvores sejam preferidas para esse processo, como o pinus e o eucalipto, pois elas têm crescimento acelerado.

Outras espécies, ainda que gerassem madeira de melhor qualidade, não são economicamente viáveis, pois levam muito tempo para atingirem a idade de corte, o que não contribui para que a indústria tenha acesso à matéria-prima.

Ainda assim, espécies nativas, como o ipê, também podem ser usadas na geração de madeira sustentável.

Por fim, falemos do que é o conceito de “socialmente justa”. As empresas que investem em madeira certificada devem ter uma governança que impacte positivamente a vida das pessoas que trabalhem com elas, por exemplo.

Sendo assim, empresas que usam de mão de obra análoga à escravidão não podem ser certificadas. Infelizmente, muitas indústrias ainda lidam com problemas desse tipo em todo o mundo.

É claro que os critérios para a certificação da madeira são mais extensos do que os exemplos dados, mas a ideia é ilustrar os conceitos para que você compreendesse o potencial do impacto positivo que essa indústria pode ter na sociedade.

Madeira certificada: quem certifica?

A certificação da madeira é feita por empresas especializadas no assunto. Essas marcas têm sua credibilidade alicerçada na confiança do mercado em suas análises.

Sendo assim, essas empresas não certificarão como madeiras sustentáveis aquelas que vieram de situação irregular, que não atendesse a uma série de critérios rígidos em relação à responsabilidade social e ambiental.

A Cerflor, a ABNT e a PNQM são marcas nacionais que certificam a madeira sustentável. Contudo, também existem empresas internacionais que prestam esse serviço, como FSC e o PEFC.

De acordo com um relatório divulgado pelo Sebrae SC, o Brasil tinha 7.785.017 hectares de floresta certificados pelo FSC na modalidade de manejo florestal em 2021.

Esse relatório ainda esclarece quem pode solicitar esse tipo de certificação: “Qualquer empresa produtora de madeira, ou que trabalhe com produtos e bens relacionados à madeira, pode obter uma certificação, seja de manejo florestal ou de rastreabilidade, desde que siga as exigências impostas pelas certificadoras”.

Madeira Legal

Um outro termo interessante nesse mercado é o de madeira legal. Quem atesta a legalidade da extração da madeira não são as empresas que certificam o mercado de madeira sustentável, mas o os órgãos de fiscalização dos governos, como o Ibama.

Portanto, uma madeira pode ser legal, pois ela tem o Documento de Origem Florestal (DOF), mas não ser uma madeira certificada, já que essas classificações tratam de aspectos diferentes.

Quais as vantagens de trabalhar com madeira sustentável?

Para a indústria, a certificação agrega valor ao produto. No caso dos móveis, ela pode atrair um consumidor mais exigente ou até fazer com que a marca tenha aceitação em outros países.

Em relação à gestão interna, esse comprometimento pode ajudar o negócio a obter reconhecimento, como certificações relacionadas a ESG.

Também é interessante frisar que essas empresas podem ter acesso a linhas de crédito diferenciadas, já que existem fundos de investimentos voltados às questões ambientais nas indústrias.

O uso de madeira certificada é um passo muito importante para a indústria, pois ajuda no desenvolvimento humano e ambiental do Brasil.

Sendo assim, investigue a posição dos seus fornecedores sobre o assunto e busque comprar madeira sustentável, valorizando o seu produto e a sua marca.

Entenda ainda como a questão ambiental tem se tornado cada vez mais importante para o consumidor.